ELES MATAM MAIS DO QUE AS GUERRAS



Segundo estatísticas sobre acidente de trânsito no Brasil morrem por ano mais pessoas vítimas desse mal do que morreram soldados americanos na guerra do Vietnã. Aproximadamente morreram 40.000 americanos, em 10 anos de guerra, no Vietnã.
No Brasil aproximadamente morrem 50.000 pessoas em apenas 1 ano, em acidentes de trânsito.
Isso porque as estatísticas só consideram morte no trânsito, quando a vítima morre no local do acidente.
Tudo isso são apenas dados, números que enchem estatísticas, até que a próxima vítima, seja um ente querido nosso.

Em 28 de dezembro de 2011, um membro especialmente querido de nossa família, teve sua vida ceifada em um acidente estúpido, que com certeza poderia ter sido evitado. Isso se, nossas estradas oferecessem o minímo de segurança, e as empresas de transportes, não permitissem que os condutores de seus veículos, dirigissem com sono.

Chovia, na principal rodovia que liga São Paulo ao Sul do País.
No ônibus, Rubia Cristina, conversava animadamente com sua amiga. Juntas viajavam com a finalidade de passar o romper do ano de 2012 em Santa Catarina.
Ela, nem de longe imaginava que em segundos seu corpo estaria estirado em um trecho da estrada.
No choque sofrido pelo veículo, Rubia foi arremessada para fora, pela janela do ônibus.

Meus primos, conduziram a filha cheia de vida, até o terminal rodiviário, para vê-la embarcar, no que deveria ter sido uma viagem de lazer e alegria.
Algumas horas mais tarde, foram avisados do acidente por amigas da Rubia. E  imediatamente seguiram rumo ao local do acidente. Não havia notícias sobre ela. 

Rubia não constava da lista dos feridos, e nem dos que nada sofreram com o acidente.
Com o coração em uma das mãos, e o celular na outra. Seguia no carro minha prima, até o local provavel do ocorrido. Tinha esperança que  a qualquer momento o celular fosse tocar. E ela ouviria a voz doce de sua filha, a lhe dizer que, estava tudo bem.
Mas isso não aconteceu.

Horas de viagem, em um dia chuvoso, em que a água que escorria pelos vidros do carro, não era maior do que o pranto que teimava em saltar dos olhos daqueles pais.
Coração apertado, assim chegaram ao local do acidente. De lá, foram conduzidos ao necrotério da cidade. 
Até aquele momento, eles, tinham ainda esperança que ela ali não estivesse. Mas a esperança durou poucos segundos. 
Sem preparo algum, os levaram, para ver o corpo de uma jovem que poderia ser ela.
E de fato era. Lá estava a Rubia, moça linda, inteligente, que acabara de voltar do Canadá, onde passara quase um ano, aperfeiçoando-se em sua profissão. Moça de rara sensibilidade, filha amada, e amorosa, irmã companheira do único irmão que tinha.
Graças a fé imensa que meus primos sempre cultivaram, eles sabiam que ela ali não estava. Somente o belo corpo que lhe serviu de morada por apenas 28 anos, estava ali.
Foi devido a essa fé maravilhosa, que eles, não enlouqueceram com a cena que viram.
Deixaram na rodoviária uma filha feliz e saudável, para encontrá-la, poucas horas mais tarde, sem vida.

Hoje, pouco mais de quatro meses da morte da Rubia, seus pais seguem levando suas vidas. São pessoas de uma força extraordinária.
Continuam em seus trabalhos voluntários, ajudando ao semelhante, e se ajudando com isso.
Mas, a ferida da saudade doí, as lembranças machucam. 
O quarto da Rubia, segue intacto, como ela o deixou antes de ir viajar.
Pela casa, porta retratos, mostram uma jovem linda, meiga e sorridente.

A empresa ao qual o ônibus pertencia, nada fez, em nada os ajudou.
Para ela, com certeza, é apenas mais um acidente que ceifou a vida de 4 jovens, e que segue sem punição.

E a estrada mais importante que liga São Paulo ao sul do país, também conhecida como rodovia da morte. Segue igual. Fazendo novas vítimas todos os dias.
A pergunta que não quer calar, é: Até quando deteremos esses índices fabulosos em acidentes de trânsito?



(Foto da Autora)



Lenapena
Enviado por Lenapena em 18/04/2012
Reeditado em 18/04/2012
Código do texto: T3619171