REVENDO MEUS PRÓPRIOS CONCEITOS

REVENDO MEUS PRÓPRIOS CONCEITOS

REVENDO MEUS PRÓPRIOS CONCEITOS
Sem pretender entrar em detalhes sobre minha vida particular, cheguei em Manaus em 1986 para assumir a gerência comercial de uma multinacional e durante todo esse tempo, até dezembro do ano 2000, exerci o cargo de diretor residente de duas grandes indústrias do Distrito Industrial, sendo que inativamos as atividades da última, em razão dos reflexos do famigerado “contingenciamento” das indústrias do Pólo Industrial de Manaus. Essa articulação política, inconstitucional, arquitetada nos sombrios corredores do Poder Central, desestabilizaram as indústrias do Distrito Industrial e na ocasião, inúmeras grandes indústrias fecharam suas portas – Sharp, Sanyo, Ericsson, Continental, Bosch e tantas outras mais. E isso vem ocorrendo sempre; fecham-se indústrias, abrem-se outras, a quantidade de empresas se mantém, o número de empregos também, o faturamento aumenta de forma representativa mas... as importações de componentes e acessórios vão na mesma proporção o que neutraliza seus próprios efeitos. Os segmentos intermediários (Componentes) na grande maioria considerados “commodities”– vão demonstrando seu enfraquecimento devido à verticalização de seus processos, dos investimentos vultuosos e da baixa escala de produção, em razão do baixo valor agregado de seus produtos, além de muitas com equipamentos já obsoletados; o próprio avanço tecnológico que, para reduzir custos e manter competitividade, direciona sua atenção para a redução da matéria-prima utilizada, acabando por comprometer o equilíbrio tão necessário à manutenção do sistema. E o contrabando e a pirataria, seja na forma de importação de acessórios, componentes, ou mesmo de produtos acabados, continuam fragilizando as empresas da indústria e do comércio, aqui instaladas, que não sabem mais o que fazer para tentar manter competitividade numa situação dessas. Estando em área alfandegada, com as dificuldades que isso acarreta em razão da necessária fiscalização dos produtos destinados à indústria (mas que não detém o exagerado volume de contrabandos e produtos piratas que circulam pelas bancas dos camelôs e pelo comércio ambulante), para complicar ainda mais a situação, ainda existe o ônus do monopólio da armazenagem e movimentação das cargas que entram e saem de Manaus por empresa privada, que culpa a burocracia do Estado por seus altos custos e com seus preços abusivos, contribuem mais e mais por inviabilizar as empresas aqui instaladas.
O Governo Federal fala de ajuda ao Amazonas, mas contingencia a Suframa e com isso, congela quase um bilhão de reais de repasse das indústrias, manietando-a, impedindo que ela cumpra com sua importante função de preservar sua imagem e garantir o desenvolvimento deste modelo que sempre foi exemplo de sucesso, evitando a interiorização e preservando a integridade de nossa floresta, mas custando um preço muito alto para a população do interior que sofre cada vez mais no abandono, sem saúde, sem educação, sem emprego e sem ter como subsistir em razão das condições sub-humanas em que se encontram.
O Estado do Amazonas está entre os oito estados da federação que são superavitários e o que vemos, são sempre exemplos de articulações políticas contra nossas indústrias, contra o comércio e consequentemente contra o nosso próprio povo. E isto não está correto!
Tenho testemunhado por todo esse tempo as aberrações dessa politicagem barata e descabida que tanto compromete nosso desenvolvimento, principalmente no interior. Nossos “haitianos caboclos” aí estão, desamparados, desassistidos, morrendo de malária, de dengue, largados à sua própria sorte. E aí eu olho para os meus seis netinhos nascidos aqui, preocupado, vendo-os bem alimentados, estudando e com todo o conforto e imagino o que seria deles, se estivessem vivendo no interior, como os ribeirinhos, por essa extensa Amazônia, expostos a tantos insetos, doenças, sem um mínimo de conforto, convivendo no seu dia a dia com animais silvestres e sem poder abatê-los sequer para se alimentar, sujeitos à prisão inafiançável, se o fizerem.
É essa a atenção que nos dá o Brasil? É esse o reconhecimento pela demonstração inequívoca de apoio que nossa população deu ao governo de históricos 85% de aceitação e apoio político-partidária? É esse o preço que nossa população do interior paga pelo sacrifício de manter a intocabilidade da floresta e o equilíbrio do eco-sistema do planeta?
Talvez seja a hora de repensar as nossas cores para o verde e o amarelo apenas.
Urias Sérgio de Freitas