DEVEMOS PRESERVAR OS PREDADORES?
Com a natureza não tem jeitinho, ela é apenas natural. Portanto, pode ser muito cruel ou benévola, dependendo do lado em que estivermos. O rio sempre vai correr para o mar, estejamos contra o a favor da corrente. O fraco serve de alimento para o forte, porém se o forte ou o grande estiver dominado (fraco) servirá de alimento para os menores.
Assistimos pela televisão ao show de matança de “aligátores” no rio Mississipi, nos Estados Unidos. O neologismo foi criado provavelmente para desviar a atenção de que matar jacarés é proibido no Brasil. Sem querer entrar nos meandros da zoologia e nas diferenças que existem ou possam existir entre jacarés, crocodilos ou aligátores, eles têm alguns fatores em comum: Vivem na água, são muito grandes e se alimentam de peixes. Por seu tamanho, talvez não tenham nenhum predador natural.
No rio Mississipi, todos os anos são mortos alguns milhares destes animais para ajudar o ecossistema. Um único jacaré adulto pode devorar até quarenta quilos de peixe num único dia. Em outras palavras: pode consumir até um milhão de peixes por mês, se eles forem pequenos. A natureza é cruel para com esses pequenos onde só se salvam dois por cento dos alevinos que chegam a idade adulta e então servem de alimento também ao bicho homem.
A superpopulação de jacarés ou de peixes grandes naturalmente inibe o desenvolvimento dos menores. Com espaço ilimitado, os peixes continuam crescendo mesmo depois de terem atingido a idade adulta. A conversão do alimento em peso cai vertiginosamente na idade adulta. Em outras palavras: os animais comem muito mais para se manter do que para crescer. O ideal seria tirá-los dali e levá-los à panela. O homem poderia ajudar na renovação da natureza, sem depredá-la.
Animais e plantas morrem de velhas. O homem, que também morre, pode usufruir do ciclo da vida sem prejudicar a natureza. Quase sempre, quando vemos a fúria dos ventos ou das chuvas, nos perguntamos se ajudamos nisso ou se as reações tem outra origem que não seja o desrespeito que o homem insiste em manter em relação a Terra onde vive. Muitas vezes, a natureza tem razões que a razão do homem desconhece e que em nada dependem dele.
Na produção pecuária, o homem acelera o crescimento e encurta a vida dos animais como uma forma para que ele próprio possa viver mais tempo. Galinhas que antigamente eram comidas depois de um ano de vida, hoje são abatidas com menos de dois meses. Com porcos e bois acontece o mesmo. Os animais que vivem sem a manipulação do homem não estão sujeitos a estas mudanças.
Nesta época em que se discute o novo código ambiental, não deveríamos fazer uma pergunta óbvia: A presença do homem realmente precisa ser prejudicial a natureza?
Luiz Lauschner – Escritor e Empresário