Como Proteger os Filhos dos Conflitos Conjugais -por -Bruna Detoni
Atualmente, diferentes famílias que chegam para atendimento têm apresentado características semelhantes em suas queixas. O que mais chama atenção são as dificuldades dos pais com relação à educação dos filhos, dificuldades estas tais como: colocar limites, expressar carinho, transmitir segurança, que aparecem de forma mais freqüente e intensa em alguns casos, principalmente, nas famílias que se apresentam desestruturadas, onde os papéis não estão bem definidos.
Os pais, nestas situações, extremamente preocupados com seus conflitos conjugais, apresentam muitas dificuldades no exercício da sua parentalidade. Sendo assim, chegam procurando um tratamento para os filhos, mesmo sabendo que foram encaminhados para a terapia de família, ou seja, o filho chega como portador das dificuldades da família. Bergman (1996) afirma que os sintomas nas crianças normalmente estabilizam casamentos instáveis e quanto maior a magnitude do conflito conjugal, maior será a magnitude do sintoma. Desta forma, alguns conflitos conjugais e familiares acabam repercutindo no comportamento das crianças.
Para Gottman (1997) os pais precisam ter com os filhos um tipo de comunicação aberta, inerente à preparação emocional. Além disso, os pais precisam ter outras fontes confiáveis de apoio social para os filhos, além da família imediata.
As brigas conjugais são comuns a todos os casamentos, mas saber trabalhar com as diferenças e expressar abertamente os sentimentos delas oriundos, aceitando as emoções negativas como raiva e medo, ajudarão muito às crianças.
O mesmo autor ressalta algumas formas de proteger as crianças dos efeitos negativos dos conflitos conjugais:
• Trabalhar a emoção no casamento, ou seja, os casais que sabem lidar com as emoções no seu casamento demonstram ser pais mais capazes de lidar positivamente com as emoções negativas de seus filhos.
• Não usar o filho como uma arma nos conflitos conjugais, sendo de fundamental importância que se possa separar a conjugalidade da parentalidade, esforçando-se para que os filhos se sintam seguros e amados por ambos, mesmo que para isso tenham que abrir mão em favor do outro, de parte de seu poder e autoridade.
• Não permitir a intromissão dos filhos nas questões conjugais, o que é muito comum de acontecer, uma vez que eles assumem o papel de conselheiro e juiz matrimonial.
• Avisar ao filho quando os problemas forem resolvidos, pois eles se tranqüilizam ao saber que os pais se entenderam.
• Criar rede de apoio emocional, famílias de amigos que possam acolhê-los nestes momentos de conflitos.
• Reservar algum tempo para quando estiver calmo conversar com a criança sobre como ela está se sentindo em relação aos problemas.
• Ficar ligado nos detalhes da rotina da criança, sendo emocionalmente disponível para ela. A vida da criança continua mesmo com a agonia de uma relação conjugal se acabando. Os filhos necessitam da presença dos pais e, de forma especial, em períodos de tumulto familiar.
Nestes casos em que os conflitos conjugais acabam tomando a maior parte do tempo e energia dos pais, estes devem se dar conta de que este é o momento em que seus filhos mais precisam de atenção, cuidados e carinho.
Referências bibliográficas
Bergman, Joel S. (1996). Pescando barracudas: a pragmática da terapia sistêmica breve. Porto Alegre: Artes Médicas.
Gottman, John (1997). Inteligência Emocional: a arte de educar nossos filhos. Rio de Janeiro: Objetiva..