AS DESGRAÇAS DO PROGRESSO EM PERNAMBUCO

Durante muitas décadas, a região da Mata Norte de Pernambuco foi abandonada pelos poderes públicos em relação ao desenvolvimento. Agora, com a superlotação da região da Mata Sul, devido ao excesso de crescimento e ao ritmo acelerado de desenvolvimento, o Governo do Estado e o Governo Federal proporcionam a vinda do progresso à Mata Norte.

Isso deveria ser motivo de muita felicidade para nós, filhos e moradores dessa região, mas pelo que vemos e sabemos da Zona Industrial da Mata Sul do Estado, temos consciência que além da geração de emprego e renda, o esperado progresso da Mata Norte de Pernambuco trará muitas desgraças.

Moradores de Goiana, Condado Itambé, Itaquitinga e circunvizinhança, que sempre tiveram uma vida pacata, passarão a conviver com integrantes de uma população flutuante, pessoas estranhas que virão apenas atrás de emprego e não saberão respeitar o estilo de vida das populações locais. Isso já está acontecendo nas cidades do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, como bem mostrou o caderno Aurora do Diário de Pernambuco, do domingo, 18 de março.

Apesar do desenvolvimento, o povo dessa região perderá em qualidade de vida. Casas, pousadas e restaurantes se tornarão lares de profissionais forasteiros, alugados por empresas só para seus trabalhadores. Os forasteiros roubarão as vagas de emprego que deveriam ser ocupadas pelos trabalhadores locais.

Por mais que se queira, a convivência com os invasores não será fácil e os pacatos cidadãos do nosso querido interior perderão a paz e o sossego. Serão obrigados a conviver com o estilo de vida dos forasteiros. Não existirão mais restaurantes e bares para os filhos da terra se divertir com seus amigos e familiares, à noite e nos finais de semana.

O superfaturamento de terrenos e aluguéis, que já ocorre com a propalada chegada do Polo Fármacoquímico e da montadora da Fiat em Goiana, provocará também uma inflação generalizada em todos os produtos de consumo, típica de cidades metropolitas, a qual perderá o controle e afetará a vida dos moradores da região.

Aquela vida tranquila, com famílias sentadas nas calçadas e nas praças ao anoitecer, para falar da vida alheia e comentar os acontecimentos do dia a dia, mudará para famílias inteiras trancadas em suas casas cheias de grades nas janelas e cadeados nas portas, com medo de passear a pé ou de bicicleta pelas nossas ruas calmas.

Como consequência desse progresso, já encontramos crianças interioranas sendo aliciadas para o consumo e tráfico de drogas. Há poucos meses, vimos as prisões de traficantes de drogas nos municípios de Goiana, Condado e Carpina, dentre os quais, jovens que nasceram nessas pacatas cidades. Essas são apenas algumas das desgraças que o progresso tão esperado nos trará. Lamentavelmente, quem viver verá!