TEORIA DA ORIGEM DO ANTICORINTIANISMO
Nasci em 1960. Paulistano. Morei em Jaçanã na infância e depois Tucuruví.
Assisti a Copa de 70 na nossa televisão Invictus.
Diferente de hoje, naquele época os torcedores saiam domingo de manhã com suas enormes bandeiras e sabíamos a escalação dos times, pois não mudava muito. Não havia esse entra e sai desrespeitoso de hoje.
Virei sãopaulino pelo meu pai. Os vizinho, seu Sidney e os filhos, Sidney Jr e Neizinho, eram palmeirenses. Costumávamos ir juntos ver nossos times.
Só lembro do meu São Paulo perdendo pro Palmeiras deles...
Vi Gerson jogar. Inclusive lembro de um lance no qual ele chuta a bola e a chuteira sai voando também...
Peguei a fase do Corinthians na grande fila...
E aí começou tudo:
PARTE I
Principalmente nosso vizinho tinha parentes e amigos corintianos.
Eram, já na época, e sem exagero, os mais chatos.
E por que achávamos eles chatos???
Simples: Imagine se hoje, de repente, na sua empresa, na sua sala de aula, na sua rua, começassem a surgir torcedores da... Portuguesa.
Sem título, sem estádio (ops... estádio eles têm...), e sem expressão nos campeonatos.
Mas aí os torcedores começassem a comemorar empate, mesmo perdendo citavam, EXAUSTIVAMENTE, um lance do jogo no qual o time deles levou a melhor, etc.
E isso com uma constância irritante.
Bem. Era assim. Não posso falar pelo mundo todo.
Mas vivi isso nos bairros que morei, escolas que estudei.
PARTE II
Libertadores!
Era horrível assistir, quando passava, jogos da Libertadores.
Se um jogador de um time brasileiro olhasse feio pra um jogador do time adversário: Expulso!
Se um jogador, uruguaio, argentino, principalmente, mas mesmo outros, socasse um jogador brasileiro: cartão amarelo,se muito, e isso se o jogador brasileiro não reclamasse muito senão seria expulso também.
Anos depois eu entendi isso: A Era Pelé, Garrincha, Tricampeões do Mundo, estava muito recente. Para os Europeus éramos um exemplo. Mas para as seleções vizinhas éramos rivais.
Então a Libertadores passou a ser uma espécie de “vingança” dos outros sulamericanos.
PARTE III
São Paulo Campeão da Libertadores e Campeão do Mundo.
Parte pela “briga” no campo ter diminuído e parte pelo excelente time, o SPFC conseguiu algo meio que inimaginável até pelos sãopaulinos.
Não tenho certeza, mas acho que foi a TV Gazeta que transmitiu aquela final.
Lembro de um locutor dizendo que era o recorde de audiência da emissora.
Isso mostra como era esperada a Libertadores até então.
(parte também, confesso, que a torcida sãopaulina além de pequena não era muito presente)
Depois, logo no ano seguinte, o mais inimaginável ainda acontece: Bi da Libertadores e Bi Mundial.
PARTE IV
A vingança!!!
Jung dizia do Inconsciente Coletivo.
Bem, o que houve logo depois foi um “consciente coletivo”.
Além da torcida sãopaulina aumentar rapidamente, começando aí o fenômeno de filhos de pais torcedores de um time torcerem para outro (o que até então era raríssimo...); tivemos vários filhos de pais corintianos, santistas e palmeirense torcendo pro São Paulo (o Sócrates mesmo tinha filhos sãopaulinos), parece que eu e todos pensamos a mesma coisa:
“Ah... essa o Corinthians não tem... Quero ver eles falarem disso...”
Aí, confesso também, os sãopaulinos além de crescerem em número e ficarem mais presentes nos estádio, passaram a ficar também mais arrogantes.
Só que essa história de não ter Libertadores foi comprada pelos outros torcedores do Estado e depois do Brasil.
Isso gerou uma ira dos corintianos e, como sempre acontece neste tipo de brincadeira, quanto mais o alvo reclama mais a brincadeira aumenta.
E, enfim, tai explicado o anticorintianismo, que começou com a própria torcida aumentar (em número e manifestação) na medida que o time ficava mais na fila e passou pelo São Paulo ter sido campeão de um campeonato que era meio que só dos outros sulamericanos (haja vista que a argentina tem o maior número de títulos, embora tenha sido bem menos Campeã Mundial pela Seleção...).
Não se pode negar que é uma torcida diferenciada e, portanto, merece um estudo.
Como gosto desse tipo de assunto (comportamento, e não futebol) fiz este artigo e peço que corrijam algumas partes nas quais posso estar errado.
Saudações TRIcolores...