A ERA DA INQUALIDADE

A ERA DA INQUALIDADE

"-Sou do tempo..."

Acho que iniciar um texto assim é uma péssima idéia.

Mas houve um tempo no qual procurávamos qualidade.

Qualidade era um diferencial.

Se tínhamos dois produtos ou serviços, não hesitávamos em optar pelo que a tivesse mais.

A mãe comprando bolacha para o filho, o olheiro procurando um talento, o casal saindo para comer uma pizza...

Tudo era movido por ela.

De repente isso mudou!

Cada vez mais estão tirando um pouco disso, um pouco daquilo, para diminuir o custo e então abaixar o preço de venda.

Redes de supermercado colocam seus nomes em produtos fabricados por empresas "sem nome" no mercado. E competem com as "de nome" que vendem nos mesmos supermercados. E este "nome" foi conquistado com anos de qualidade.

Vários fabricantes passaram a produzir em países com mão-de-obra barata (e sem qualidade) mantendo seus selos que foram conquistados com qualidade.

E, pior, isso parece ter nos impregnado.

A falta de qualidade saiu do âmbito de produtos e serviços.

Hoje presencio os pais preocupados com a filha que está apaixonada e vai casar com um rapaz de boa índole "mas" formado em Música...

"-Mas por que ele não cursou Engenharia???"

A qualidade da índole e do estudo morreram. E o amor então, virou troco de bala...

Ja vi contratarem colega que não trabalha mas é bom de copo e bola.

A qualidade da competência profissional virou critério de desempate...

Aluno estudioso virou problema:

Para mantê-lo é preciso manter o nível do ensino, do professor, da escola.

Bem mais fácil abaixar todos os níveis e chamá-lo de "chato que não tem o que fazer".

Música de qualidade virou "música de velho".

Governo de qualidade virou "utopia".

E casamento de qualidade virou "raridade" pois assim como o disk pizza é mais baratinho mesmo que chegue "quase quente", os relacionamentos se tornaram Made in China:

invisto pouco pois se não der certo não perdi muito!

E o curto investimento a longo prazo não gera nenhum bem...