FALTA DE FÉ? (As duas portas)

Caso fossem colocadas diante de nós duas portas, uma etiquetada: desafios, problemas, tristeza, lutas, perseguições e a outra: paz, descanso, prosperidade, alegria, seria quase impossível alguém escolher a primeira.

Nós, seres humanos, buscamos conforto e distância das dificuldades, e, muitas vezes, nos tornamos descuidados e até esquecemos de Deus quando tudo está para lá de ótimo.

Um exemplo pungente foi aquele do rei Ezequias, ao qual costumo chamar “o egoísta abençoado” que, depois de curado de forma maravilhosa por Deus, exagerou na propaganda de seus tesouros ao visitantes da Babilônia, tendo colocado a segurança de seu reino em risco. Apesar do escorregão, o rei ficou feliz porque as conseqüências disso somente viriam na geração futura e não o atingiriam diretamente. (Isa 39: 1-8).

A ausência de problemas não é uma das premissas da vida cristã, e Jesus nos advertiu sobre aflições que certamente viriam (Jo 16:33), mas que seriam vencidas mediante a confiança Nele.

Fugir dos desafios e considerá-los sinônimo de derrota, ou da ausência da ação divina em nosso favor, é um erro de estratégia que deve ser evitado.

Tiago nos fala da provação como um treinamento para o acesso à coroa da vida, pois ela nos ensina a PACIÊNCIA e a FÉ:

“Meus irmãos tende grande gozo quando cairdes em várias provações”.

“Sabendo que a prova da vossa fé obra a paciência”.

“Bem aventurado o varão que sofre a provação, porque quando for provado, receberá a coroa da vida...” (Tg 1: 1-2 e 12).

Pedro também incide sobre a mesma questão ao dizer:

“Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes a se revelar no último tempo”.

“Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário que estejais por um pouco contristados com várias tentações”.

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo.” (I Pedro 1: 5-7)

A vitória que temos sobre os desafios depende, contudo, de estarmos unidos, pela fé, à realidade de Cristo, sabendo que Ele está conosco a ponto de repetirmos as palavras de Davi:

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum porque tu estás comigo” (Sl 23:4).

A consciência de tal presença é algo que temos de assumir como real e permanente, uma vez que é a nossa fé que vence o mundo, em todas as suas ameaças (I Jo 5:4).

Um episódio extraordinário nos é relatado no livro dos reis, quando o servo de Eliseu entrou em pânico diante da ameaça de exércitos inteiros enviados para prender o profeta, desequilibrando as batalhas, e recebeu como resposta que “mais eram os que estavam protegendo o servo de Deus do que os inimigos”.

O rapaz certamente não entendeu nada do que lhe era dito, mas, depois, pela oração de Eliseu, seus olhos foram abertos e viu algo que já era conhecido pelo profeta desde que recebera o poder de Elias (II Reis 2:12), que eram carros e cavalos de fogo, prontos a batalhar em favor dos que andam com Deus (II Rs 6: 8-(16)-23).

Os trechos bíblicos que bem podem nos orientar sobre a realidade da nossa relação com Cristo, e, conseqüentemente, com Deus, são aqueles das tempestades enfrentadas pelos discípulos, em duas ocasiões:

PRIMEIRO EXEMPLO:

“E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem o barco, e fossem adiante para outra banda, enquanto despedia a multidão”.

“E o barco estava no meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário”.

“Mas a quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, caminhando por cima dom mar”.

“E quando subiram para o barco, acalmou o vento.” (Mt 14:22-36)

Observe que foi Jesus quem mandou que eles entrassem no barco e se fizessem ao mar, não para que sofressem algum mal, mas para “treinar” o seu exercício de fé.

O mar era um local conhecido de vários deles, que eram pescadores, mas os ventos contrários os deixaram sem ação.

Jesus veio andando sobre o mar e acalmou a tempestade, pois ele sempre sabe onde estamos, e tem consciência das nossas dificuldades, embora possamos imaginar ao contrário.

SEGUNDO EXEMPLO:

“E, naquele mesmo dia, sendo já tarde, disse-lhes: passemos para outra banda.”

“E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que se enchia”.

“E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo: Mestre, não se te dá que pereçamos?”

“E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança.” (MC 4: 35:41).

Jesus estava com eles nessa jornada.

Jesus dormia, uma vez que era carne e ossos como você e eu, mas Ele sabia que nada poderia lhe acontecer de forma diferente da vontade do Pai. Para nós existe a promessa de que nem um fio de cabelo irá cair sem a autorização divina, e que mesmo as coisas mais “estranhas” e aparentemente “incômodas”, irão contribuir para nosso bem.

Os discípulos não levaram em conta que estavam “muito bem acompanhados”, e acordaram o Mestre reclamando que Ele não se importava com seus problemas, algo semelhante à conversa da irmã de Lázaro, dizendo que este não teria morrido se Jesus “chegasse antes” (João 11: 1-(21)-46).

Acontece que Jesus não queria somente curar Lázaro, mas trazê-lo à vida, pois isso era fundamental para o projeto de Deus na Terra. Deus sempre chega na hora certa.

Isso foi falta de fé e Jesus, depois de acalmar a tempestade, os repreendeu.

Marque bem a diferença que existe entre ser atacado pela tempestade e engolido por ela.

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós”.

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados, perplexos, mas não desanimados.”

“Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”. (II Cor 4: 7-9)

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Pastor Elcio
Enviado por Pastor Elcio em 22/01/2007
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