Problemas Soteropaulistanos
Não me ocorre o nome do articulista do Jornal A Tarde, que usou essa mesma denominação do título, no final de um texto queixoso, quanto ao preconceito do paulista, para com o baiano e sua Cultura, especialmente a música, que é seu forte. Historicamente, há na maior cidade do país, talvez por falta de informação – eles não têm muito tempo - um conceito de que baiano é sinônimo de nordestino. Todo nordestino lá é baiano. E como já há um desprezo histórico do Sul/Sudeste, para com o "resto do Brasil" - as meninas da Meteorologia se referem assim depois de falar sobre a temperatura destas duas regiões - o paulista mistura na mesma panela uma só cultura para todo Nordeste.
É uma visão equivocada. Seria a mesma coisa de unificar cultura paulista e carioca. É possível esse conceito? Mas falamos agora de uma visão preconceituosa mais recente. Ela surgiu depois do Axé estourar nos quatro cantos do Brasil. Lógico que composições de péssimo gosto se somaram a autorias da melhor qualidade. Em um caldeirão incandescente, formado pela musicalidade baiana, não poderia deixar de ocorrer também as "inculturas". Nem sempre as novelas da Globo são da melhor qualidade, ou programas como o BIg Broder desqualifica o restante da programação Global.
O paulista da época em que surgiram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Novos Baianos, tratava, pelo menos, o soteropolitano com alguma deferência, em relação ao "resto do Nordeste". Pelo menos a Cultura baiana era admirada, superando a do Rio de Janeiro, cidade com a qual, sempre manteve uma certa rivalidade. Os problemas de Salvador são muitos, reconhecemos, não causados pelos artistas ou seu povo comum. Eles são de ordem político/gestora o que afeta também São Paulo. São problemas soteropaulistanos, como disse o articulista. Continuem nos admirando como um povo criativo, Salvador pela sua história, que “embala” o “resto do Brasil” com sua originalidade. Continuaremos admirando o paulista pela capacidade de levar São Paulo, ajudado pelo nordestino, incluindo o baiano, ao nível de uma das cidades mais progressistas do mundo.
Jô Ribeiro