DICAS DE COMO ESCREVER TERROR
DICAS DE COMO ESCREVER TERROR
Tenho lido muita coisa a respeito de como elaborar bons textos – no momento o meu foco está em terror, por causa da série que estou escrevendo: Vampiros.
Já de algum tempo, elaborando sermões - textos, rascunhos, colas - para pregar na Igreja, aprendi que estudamos um assunto, ou lemos alguma coisa, ou assistimos a algo e aquilo que ficou, que grudou, que não esquecemos, é o mais importante para nós. A mente humana capta milhões de impressões diariamente, mas uma meia dúzia de coisas, apenas, são as que permanecem. E essas coisas que permanecem vivas em nossas mentes, são elas que são as importantes.
No caso da pregação obedeço, mais ou menos, o seguinte: Leio, estudo, oro, espero em Deus, até entender o que devo falar na Igreja. Entendido, captado, então elaboro o sermão. Praticamente decoro o sermão. O sermão já é o resumo de uma semana ou mais de estudos sérios e de muita oração, que serão transmitidos em meia hora, um pouco mais, talvez. Ai eu praticamente abandono o sermão. Um novo sermão será elaborado, agora em cima do sermão que já é o resumo. Ou seja, só fica o resumo do resumo. Só fica o que realmente me despertou.
O mesmo critério vou usar aqui nessas dicas. Só estão as que me impressionaram nesses dias. Essas dicas não estão em ordem de importância.
Dica 1 - Uso de clichês
Nada mais devastador do que o clichê, entendendo-se como clichê as repetições de expressões, ideias ou palavras que, pelo uso constante e popularizado, nada mais significam.
"lindo dia de sol", "abraço cheio de emoção", "beijo doce", "ao pôr-do-sol", "faces rosadas", "inocente criança", "Num belo domingo de Primavera...", "família unida", "uma grande salva de palmas", "paixão intensa".
Dica 2 - Ausência de características espaciais
Outro problema que é muito complicado para quem escreve é a caracterização do espaço onde ocorrem as ações. Muitas vezes, ele sequer existe, como no trecho abaixo:
"Enquanto lá fora chovia intensamente, as crianças pulavam aos berros sobre o sofá da sala."
Quando o corretor lê isso, sem mais nenhuma indicação posterior, o que pode imaginar é um sofá no meio do nada e três crianças pulando sobre ele... uma janela dependurada e lá fora a chuva intensa...
Dica 3 - Escrevendo Um Filme de Terror (Segue não uma dica, mas um monte)
Este artigo foi escrito pelo famoso autor e professor de roteirismo, John Truby, para o site Storylink, e tem o título igual ao do post:
Com a proximidade do Halloween, nós contamos com o gênero de terror para uma divertida noite de emoções. Mas nem todas as emoções tem de ser baratas. O terror utiliza um modelo surpreendentemente esperto, e então frequentemente os escritores não o captam direito. Vamos dar uma olhada no que você pode fazer para transcender o gênero em sua própria escrita.
Crie um sério crime no passado. Conecte-o às fraquezas do seu herói, e a um crime horripilante na história presente. Isto lhe dá uma linha de horror do passado ao futuro única, que é exclusiva dos defeitos do seu herói. Cuidado, no entanto, para não contar demais com o passado e esquecer a história no presente.
Comece o personagem principal tão grande quanto possível. Quanto mais inteligente, poderoso ou digno for o herói no começo, mais longe ele tem de cair. E isso lhe ajudará a evitar o herói fraco ou estúpido que é simplesmente uma vítima.
Crie uma dualidade dentro da mente do herói. O seu personagem deveria estar escondendo algo em si mesmo tão terrível que ele não consegue enfrentar. A sua mente está pronta para rebentar.
Mostre o prazer do lado negro e o maior poder e liberdade que o herói sente ao mexer com o que é proibido.
Determine o maior medo do herói e personifique-o sob a forma do monstro. Isto conecta o oponente ao fantasma do herói e ajuda a evitar a armadilha do vilão bidimensional. Um monstro que é retratado como simplesmente o mal priva a oposição de pensamentos, de habilidades e de motivos, e faz o gênero parecer mecânico.
Crie uma hierarquia de oposição. Um único monstro que ataca implacavelmente tem pouca trama. Um ataque múltiplo de dois ou mais adversários torna mais provável a surpresa e a pressão mais intensa.
Mantenha a maior parte do oponente escondida. Divulgue o verdadeiro poder do(s) monstro(s) ao longo do enredo.
Dê ao herói um plano ao longo do curso da história. Um herói sem nenhum plano está simplesmente reagindo ao oponente.
Imagine uma série de conflitos com o ataque do oponente. Mantenha pressão constante sobre o herói ao usar um espaço confinado, ferimento, ausência de ajuda, e ataques do oponente, tanto diretos quanto ocultos.
Dê ao herói ferramentas para lutar e crescer enquanto a história progride.
Encontre um símbolo para representar a queda do herói. O terror é o mais simbólico de todos os gêneros.
Na batalha final, o herói precisa lutar não apenas com o monstro, mas também com o monstro em si mesmo. Filmes de terror frequentemente deixam de ter uma auto-revelação porque o herói é simplesmente uma vítima de um monstro poderoso, enfraquecendo a história.
Tente um final duplo. Isto implica uma aparente morte ou desaparecimento do monstro, permitindo ao público recuperar seu fôlego – seguido de um retorno súbito do monstro.
Dica 4 - O Terror de Escrever Terror (mais uma série de dicas)
Filed under: Roteiro — valeriaolivetti @ 14:26
Tags: Escrever, Roteiro
Este artigo foi escrito pelo roteirista Ben Magid, para o site ScriptShark / ScriptJournalBlog:
Terror é um gênero difícil e subvalorizado por muitos motivos. Primeiro, é difícil inventar novas maneiras de assustar o público, especialmente um versado em horror. As probabilidades são de que eles já viram tudo aquilo e sabem o que está por vir. O desafio consiste em romper com as convenções e regras, e mostrar coisas que sejam inesperadas. A outra questão que eu tenho em relação ao terror é a diferença entre o terror verdadeiro e sangue e tripas. É fácil enojar alguém, mas é incrivelmente difícil realmente assustar alguém.
Veja a diferença entre Jogos Mortais e algo tipo Sinais. O primeiro Jogos Mortais tinha um grande gancho para o filme e foi feito muito bem para um pequeno orçamento. Seu objetivo era perguntar ao público: “O que você está disposto a passar para viver?”, e levantou estas questões através da abordagem mais sangrenta de matar alguém ou cortar fora sua perna. Neste caso isso funcionou, principalmente por causa do ótimo conceito, ainda que os sustos em si fossem mais do tipo nojento. Do tipo que você se recusa a ver. Agora vamos dar uma olhada em Sinais, não é um filme perfeito, de modo algum, mas teve algumas cenas que realmente causaram impacto. Vamos focar na cena da festa de aniversário. Todo mundo se lembra dela, e eu lembro das pessoas gritando no cinema. Ela me assustou pra caramba. No final das contas, ela era muito simples: aumente o suspense e depois compense-o com o alienígena andando pelo beco, tudo captado por uma câmera de mão. Incrível cena.
O truque é criar expectativas ou, em outras palavras, suspense, e depois dar ao público algo que eles não estão esperando.
Eis um dilema estranho que se aplica a escrever roteiros de terror: muitas vezes, o que é assustador na página não fica assustador na tela, e vice-versa. É um efeito estranho, e a maioria dos produtores e executivos não compreende isso. Terror é muito sobre atmosfera e tom, e o quão bem um diretor consegue filmar a história.
Vamos dar uma olhada em alguns exemplos. Poltergeist, Alucinações do Passado e Aliens são bons. Uma das cenas mais assustadoras de todos os tempos é a cena do palhaço em Poltergeist, que ainda se mantém até hoje, e me assustou pra diabo quando eu vi o filme quando garoto. No entanto, quando você lê o roteiro, ela não é tão assustadora. O mesmo acontece com a cena em Aliens, quando eles descobrem que os alienígenas estão no teto, bem como a cena terrivelmente assustadora de Alucinações do Passado, quando ele vê a enfermeira com os tentáculos na junta, ou a cena da maca. Todos estes roteiros são magistralmente executados, mas tudo se resume ao tom, ao ritmo e à qualidade da direção.
Agora veja o lado oposto. Eu amo Steven King. Ninguém é melhor em escrever com atmosfera do que ele. No entanto, muitas de suas histórias de terror não se traduzem para a tela, porque elas não ficam tão assustadoras na mídia diferente. Exceto, talvez, pelo palhaço em It, que funcionou tão bem na minissérie quanto no livro, mas, na minha opinião, palhaços são sempre assustadores.
Portanto, como escritor, a melhor coisa que você pode fazer é não escrever demais o terror. Lembre-se das coisas que lhe assustavam quando criança – ir para o porão escuro, ou o que tem debaixo da sua cama. Mantenha-se fiel aos seus instintos primitivos, seja imaginativo, e você não vai errar.
Dica 5 - 10 Passos Para Escrever Um Roteiro de Terror (mais dicas. O gancho -1-, é muito bom, assista no Youtube esse inicio de Pânico e veja você)
Filed under: Roteiro — valeriaolivetti @ 14:34
Tags: Escrever, Roteiro
Este artigo foi escrito por Henrik Holmberg e tirado do site Simply Scripts:
Um filme de terror tem certas regras. Se você quebrar muitas delas, o público vai se decepcionar.
Este é um esquema muito curto, sem supérfluos, de como escrever um roteiro de terror.
1. O Gancho. Comece com um estrondo. Entre logo com uma cena de suspense. ("Pânico" abre com uma sequência assustadora com a Drew Barrymore ao telefone com um assassino).
2. O Defeito. Apresente o seu herói. Dê a ele um defeito. Antes que você possa colocar o seu herói em risco, nós devemos nos importar com ele. Devemos querer que o nosso herói tenha sucesso. Então, faça-o humano. (Em "Sinais", Mel Gibson interpreta um padre que perdeu a sua fé depois que sua esposa morreu).
3. O Medo. Uma variante do Defeito. O herói tem um medo. Talvez um medo de altura, ou claustrofobia. (Em "Tubarão", Roy Scheider tem medo de água. No final, ele tem que vencer seu medo saindo para o oceano para matar o tubarão).
4. Sem Escapatória. Bote o seu herói em um local isolado, onde ele não possa escapar do horror. (Como o hotel de "O Iluminado").
5. Preliminares. Provoque a plateia. Faça-os pular em cenas que pareçam assustadoras – mas que acabam por ser completamente normais. (Como o gato pulando do armário). Dê a eles um pouco mais de preliminares antes de trazer o monstro real.
6. O Mal Ataca. Um par de vezes durante o meio do roteiro mostre o quão perverso o monstro pode ser – enquanto ele ataca as suas vítimas.
7. Investigação. O herói investiga e descobre a verdade por trás do horror.
8. A Ação Decisiva. O confronto final. O herói tem de enfrentar tanto o seu medo quanto o monstro. O herói usa seu cérebro, ao invés dos músculos, para enganar o monstro. (No final de "A Vila", a garota cega engana o monstro para ele cair no buraco no chão).
9. Consequência. Tudo está de volta para o jeito como estava no início – mas o herói mudou para melhor ou para pior. (No final de "Sinais", Mel Gibson põe o seu colarinho clerical de novo – ele recupera a sua fé).
10. O Mal Espreita. Vemos evidências de que o monstro pode retornar em algum lugar… de alguma forma… no futuro… (Quase todos os filmes "Sexta-Feira 13" terminam com Jason mostrando sinais de voltar para outra sequência).
Agora você pode começar a escrever o seu roteiro de terror. Boa sorte!
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As dicas foram tiradas desse povo ai em baixo:
http://www.algosobre.com.br/redacao/os-10-pecados-mortais-de-uma-narrativa.html
http://dicasderoteiro.com/2010/04/09/escrevendo-um-filme-de-terror/
http://dicasderoteiro.com/2010/11/10/o-terror-de-escrever-terror/
http://dicasderoteiro.com/2011/08/27/10-passos-para-escrever-um-roteiro-de-terror/