Uma cerca, um portão, e uma tramela.
Uma cerca de arame apenas para definir o espaço, um portão de madeira para não demonstrar esculacho, e uma simples tramela para garantir que ali havia pessoas que eram donas daquele pedaço.
Assim era o modo de viver de uns tantos anos atrás, havia sim os que cobiçavam as coisas alheias, mas além do mais existia uma coisa chamada vergonha na cara, onde nesta expressão usada naquela época trazia tudo àquilo que alguém precisava ter para não ser visto como um qualquer, um quase bandido, um amigo do alheio.
Os filhos não eram vistos como um “trem” qualquer, mas tinham que andar nos “trilhos”, estudar o que fosse possível, trabalhar para manter o equilíbrio, ajudar nas despesas da casa, pois afinal em todo os espaços cercados nas ruas do bairro, ou mesmo de uma vila qualquer, havia o que agora infelizmente pouco ainda se vê, pessoas que unidas na fé canalizavam a vida em prol da família.
Hoje, nestes tão conturbados dias de violência sem limite, no que deveria ser ao contrario, pois este presente que agora se faz futuro, que nos trouxe tantos benefícios, nos tirou da vida que antes era mais dura de viver, vejo estarrecido este mundo tão mudado, tão virado para as coisas que não deveriam jamais existir, isto eu posso dizer, pois vivi aqueles bons tempos antigos, onde a felicidade se fazia acontecer num abraço amigo, num sorriso de alegria, ou mesmo ate num simples bom dia.
E já que a vida esta perdendo um pouco das cores me escondo e me defendo não mais atrás daquela tramela que fechava o velho portão, mas diante das velhas fotografias em preto e branco, do meu antigo álbum das boas recordações, e ai me sinto mais em paz, e mesmo que por um azar alguém vier invadir meu espaço que levem o álbum, mas as imagens... Jamais sairão da minha imaginação.