CARNAVAL, FUTEBOL, JK E A CIDADE VERDE  
                             
Sérgio Martins Pandolfo*
Paragominas tu és
cidade verde, bonita,
"Paragobalas" não és,
já  foste em era maldita
  

     Em vilegiatura que nos propusemos a fim de aproveitar esse período de folia carnavalesca (quatro dias de folga e farra) deslocamo-nos até o aprazível município de Paragominas, onde estivéramos anteriormente já havia perto de dez anos. A mudança foi fantástica! O município é um dos que mais cresceram e se desenvolveram no Estado, nestes últimos anos e, o que é muito bom, de forma organizada, planejada. Lembramo-nos bem que Paragominas era, até pouco tempo, conhecida como “Paragobalas”, uma cidade marcada pela violência e pelo desmatamento efetuado a fim de alimentar as carvoarias, quase sempre operadas por crianças. Isso, entretanto, é coisa de um passado de triste memória e o que se vê hoje é o contrário: ruas e avenidas largas, bem sinalizadas e arborizadas, praças bem cuidadas, lojas modernas, uma febril cadência de construção de casas residenciais e comerciais de bom padrão e, o mais importante, a reversão do conceito de desmatador para município verde, tida agora como a “Cidade que venceu o desmatamento”, o que tem sido creditado à determinação e disposição assumidas pelas últimas administrações municipais.
    Para além do que atrás listamos podemos apontar como as duas vedetes citadinas atuais o Parque Ambiental Municipal e o estádio de futebol batizado como Arena do Município Verde. O Parque Ambiental, imensa área verde de preservação algo à semelhança de nosso Bosque “Rodrigues Alves”, foi inaugurado em 2007, mas continua muito bem conservado e mesmo melhorado em seus propósitos de se constituir em verdadeiro pulmão verde para a cidade futura e um naco representativo das espécies arbóreas da floresta regional, com inúmeras atrações assim para os adultos como para a criançada, como são exemplo os pedalinhos, muito disputados. O estádio municipal teve sua inauguração oficial festiva no início deste ano com um jogo entre o Paysandu e uma seleção local
que deu origem ao Paragominas Futebol Clube, por enquanto único representante dessa modalidade desportiva na cidade. Suas instalações são magníficas e decerto irão incentivar a prática do futebol com o surgimento de novos times locais e de suas respectivas torcidas, eis que a “Cidade Verde”, por ter sua população constituída na grande maioria por imigrantes oriundos de vários locais do País ainda não sedimentou seus valores sóciocomunitários ínsitos.
     Futebol e Carnava,l frise-se, são duas modalidades lúdicas em que nosso “patropi” mostrou toda sua criatividade e capacidade de realização. O Carnaval aqui aportou como entrudo, trazido pelos colonizadores lusos, alçou-se aos píncaros de “Maior Espetáculo da Terra”, hoje avidamente visto por mais de meio mundo. No futebol, que começou na Grécia antiga e os ingleses teimam ter normatizado, hoje somos “penta”.
     Paragominas é uma das centenas de cidades atualmente importantes que se formaram e/ou vicejaram impulsadas com a abertura e consolidação da Belém-Brasília, que o espírito visionário de Juscelino Kubitschek ousou realizar. JK, aliás, foi o maior benfeitor da Região Norte, nomeadamente do Pará e em especial de Belém, onde podemos apontar obras de relevância capital que ele aqui corporificou, tais: a própria B-B, sem ponta de dúvida a segunda obra de primeira grandeza do “presidente-furacão”, que tirou Belém do insulamento amplicentenário; a UFPA: a reabertura e ulterior reconhecimento da Escola de Química do Pará; a duplicação das vagas do curso de Medicina; a terminação e determinação para funcionar do Sanatório “Barros Barreto”, uma “obra de Santa Engrácia” parada havia mais de trinta anos (atual HUJBB, ligado à UFPA). Malgrado isso a Parauaralândia lhe voltou as costas.

Foto: Vista aérea da cidade, a Praça Central Célio Miranda, fundador de Paragominas
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES - sergio.serpan@gmail.com  -  serpan@amazon.com.br
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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 24/02/2012
Reeditado em 29/02/2012
Código do texto: T3516615
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