ANOREXIA DA ALMA
Fazendo uma reflexão simples sobre o Ser Humano, tendo como base a antropologia e a filosofia, constatamos que este Ser é constituído por um binômio inseparável (enquanto vivo), denominado corpo e alma. Sendo o corpo de natureza material e a alma de natureza imaterial ou espiritual, chegamos à conclusão que este Ser não tem corpo, é corpo; e não tem alma, é alma.
Atendo-nos mais à alma, pelo motivo de ser a sede da inteligência, da liberdade, da vontade, das emoções e sentimentos, da afetividade e da capacidade de amar, indagamos o porquê da medicina continuar teimando em tratar o Ser Humano de maneira dividida, tendo em vista que os sinais apresentados pelo corpo são traduções da sintomatologia da alma. Atacam-se os efeitos, enquanto que as causas somatizam-se. Sabe-se que os distúrbios, as doenças, as enfermidades espirituais, refletem-se nos músculos, articulações, estômago, intestinos, coração, etc... De que maneira devemos alertar os doutos e doutores? Como fazer chegar aos seus corações (quer queiram ou não), que o SER HUMANO não foi criado com duas metades? Que ele é único e é unidade?
Todo Ser Humano traz, em sua alma, anseios de felicidade. Ele foi sonhado e criado por Deus para ser feliz. A inteligência lhe foi dada para raciocinar, refletir e discernir coerentemente o que ele quer; a liberdade para por limites aos seus instintos; a vontade, como energia propulsora para a ação. Os desejos, as emoções, os sentimentos, a afetividade... complementam o quadro antropofilosófico deste Ser.
Há aproximadamente um mês, a Imprensa brasileira noticiou enfaticamente em todos os meios de comunicação social, a morte de Carol Reston, jovem de 21 anos de idade, modelo profissional. A “causa mortis” surpreendeu o país e, principalmente, as agências responsáveis pelos eventos da moda: “Complicações decorrentes de anorexia psicológica”. Em outras palavras, Carol faleceu vitimada pela Anorexia da Alma.
Nos bastidores das passarelas, os agenciadores ditam, obrigam e fiscalizam suas normas. O padrão estético é totalmente desvirtuado da relação altura-peso, trazendo sérios riscos de comprometimento da saúde, podendo até levar a óbito. Foi o que ocorreu com Ana Carolina Reston: 1,65m e 46kg.
Ninguém vive sem sonhos. O ideal com o qual sonhamos e perseguimos, deve ser conquistado pelo nosso denodo e pertinácia, mas que não nos traga riscos mortais. O que faz uma jovem arriscar-se tanto? O que passa pela sua cabeça saber que o seu sonho pode diluir-se em uma balança, por 100 ou 200g de excesso de peso? Daí, “tudo” é válido. O tripé escolhido, o sonho idealizado ou o ideal sonhado - o ter, o poder e o prazer - em suma, a FAMA, é o alvo a ser atingido a qualquer preço. Só que o preço foi muito alto para Carol. Foi a sua escolha. A Anorexia da Alma tomou conta do seu coração. Não a condeno. Sei apenas que, consciente ou inconscientemente, ela buscava a felicidade, cujos anseios trazia em sua alma. Infelizmente buscou-a em trilhas e veredas, e encontrou a morte. Sua alma, porém, viverá eternamente. E o que restou de Carol Reston? A saudade e uma indagação: Valeu a pena?
19/12/2006
ALMacêdo