CARAMURI. O QUE É CARAMURI, JÁ ENTÃO?

A fruta amazônica que só produz de quatro em quatro anos está sendo cogitada para ser o nome da bola da copa de 2014. Como a maioria das coisas amazônicas, ela é totalmente desconhecida dos demais brasileiros. Aliás, é pouco conhecida até dos moradores das cidades da Amazônia, uma vez que sua produção é tão curta e os intervalos tão longos. O fato de ter frutificado em 2010 promete que ela pode ser degustada durante a realização dos jogos.

O caramurizeiro é uma árvore muito alta como todas as que disputam a luz na selva amazônica. Por isso os índios, quando vão colher a fruta, simplesmente cortam o pé uma vez que é impossível chegar aos frutos que ficam na copa. Contudo, plantada em região descampada, ela se torna frondosa e o caule engrossa, diferentemente de suas irmãs no meio da mata. Nesse caso também não se torna necessário seu abate para a colheita das frutas muito saborosas. Com a divulgação, quem sabe, ela merecerá mais atenção e assim poderá até surgir alguma tecnologia que desenvolva a produção em anos em que hoje ela não acontece.

No município de Maués, onde surgiu a campanha para transformá-la em nome da bola, ela sempre foi conhecida como “fruta de político”, numa referência aos maus políticos que só aparecem aos seus eleitores de quatro em quatro anos para pedir votos. Todas as pessoas sensatas concordam que os maus políticos devem ser cortados em vez da árvore. Lá ela tem consumidores fiéis, se é que se pode chamar de fiel alguém que a degusta a cada quatro anos. Entre estes fiéis está Beto Mafra, executivo da Associação Amazonense dos Municípios, autor da idéia da campanha que sugere o nome dela para a bola oficial da copa.

A campanha que começou tímida, conquistou a adesão de pesos pesados como o Ministro dos Esportes Aldo Rabelo, o poeta Thiago de Mello e o lutador de pesos pena e campeão da UFC José Aldo. A simpatia pela causa também é compartilhada por este que escreve. Contudo, ela não pretende apenas ser o nome da bola e ponto. Pretende chamar a atenção sobre produtos da selva Amazônia e o apelo ambiental que a Amazônia representa.

Beto Mafra sonha em fazer com que a FIFA faça o lançamento da bola em Maués. Argumenta que a cidade tem predicados que a habilitam para isso. É berço da civilização Saterê-Mawê, é a Capital do Guaraná, fruta base do segundo refrigerante mais vendido no Brasil e que ajuda em transformar o município no detentor do maior índice de longevidade na América Latina, produtora do pau-rosa, essência do perfume mais apreciado do mundo. Beto comemora: “Energizamos o mundo através do guaraná, perfumamos o mundo através do pau-rosa e agora seremos conhecidos pela bola e por nossa preocupação ambiental”.

O que mais tem em Maués? Tem o Caramuri, of course!

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 13/02/2012
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