A fórmula das tragédias
A fórmula das tragédias
O lamentável acidente nas obras do metrô de São Paulo com quase 5 vítimas fatais e dezenas de famílias que tiveram de abandonar suas casas próximas, nada mais retrata do que o “acordo” das autoridades (?) com as empresas (que patrocinam suas campanhas eleitorais) que manipulam as vidas das populações em todos os estados deste país.
Podemos recordar fatos trágicos que ceifaram dezenas de vidas pelo descaso dos responsáveis, pela falta de fiscalização adequada e pela ausência de penalidades exemplares. Queda do viaduto Paulo de Frontin (RJ), queda do Palace II (RJ), incêndio do Joelma (SP) e do Serrador (RJ), afundamento do Bateau Mouche (RJ), queda da Gameleira (MG), plataforma P52 da Petrobras (RJ), emissário de Ipanema (RJ), das barragens de lama (MG), de pontes, estradas, escolas e hospitais públicos e encostas de morros acumulando favelas (BR) que poderiam ter sido evitadas. Fora outras dezenas de tragédias espalhadas pelo país e nem sempre destacadas na imprensa comprometida.
Todos estes fatos acontecem por duas razões básicas:
1 - a corrupção que começa no topo e já contaminou o nível mais baixo de qualquer construção ou prestação de serviço;
2 – a impunidade que não castiga os mentores e executores destas picaretagens.
A fórmula de manipulação das verbas basicamente é esta:
Preço real de uma obra/serviço: R$ X milhões.
Preço a ser faturado (sai de nossos impostos): R$ 6X MI.
Distribuição do excedente (R$ 5X MI):
R$ 2X MI para os que assinam o contrato. Com direito a coquetel e aparição na imprensa, anunciando o “projeto do século”.
R$ X/2 MI para entidades “esquecerem” pendências e fiscais fecharem os olhos em relação às anormalidades, principalmente as relativas à segurança dos operários e futuros usuários.
R$ X/2 MI para que membros do judiciário tornem possíveis processos indenizatórios mais lentos do que a média atual que é de 10 anos.
R$ X/2 MI para “acalmar” donos de jornais não darem ênfase a algum fato negativo descoberto oriundo das mutretas montadas.
R$ X/2 MI para os responsáveis diretos (engenheiros, por exemplo) não fazerem alarde pelo uso de material de 3ª. categoria no lugar do previsto em contrato nem do “encurtamento” do tempo de secagem do concreto.
Para a obra sobraram R$ X MI. Como não foi prevista uma “cota” para a turma dos explorados lá de baixo (capatazes, motoristas, operários, cozinheiros, turma da limpeza), eles são contaminados pelos exemplos passados pelos escalões acima. Criam seus mecanismos de desvios e substituição furtiva de material. Isto acaba consumindo R$ X/4 do valor que seria usado para o projeto. Caso ele não desabe antes da entrega, será condenado pela Natureza dentro de algum tempo pela falta de manutenção adequada e pela ação do tempo.
Melhor ficarmos alerta quando alguma obra pública for iniciada ao lado de nossas residências ou local de trabalho. Ou ajudar na verificação dos vagões do metrô, caso este seja de nosso uso diário.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta.
Autor do livro: BRINQUE E CRESÇA FELIZ!
Vila Isabel/RJ - jan/2007
Referendo de sucesso será o que permitir expurgo no Congresso!
O futuro da nação escorre pelo ralo da corrupção.