O QUE ESPERAR DE 2012

Nada fascina mais o homem do que saber o futuro. Não por acaso a maioria das pessoas teimam em acreditar em horóscopo, videntes e coisas afins, sem se dar conta de que o futuro não pode ser previsto (pelo menos da forma como os videntes o fazem), pois o vir a ser é uma possibilidade que está sujeito a uma série de fatores. E mesmo que considerássemos o destino como algo traçado previamente, isso poria por terra não só o livre arbítrio como tudo que o homem entende por conhecimento.

Bem, deixemos as questões filosóficas de lado. O assunto aqui é outro. Ou melhor: o mesmo, mas com uma abordagem diferente. Embora tenciono fazer algumas previsões para o futuro, estas serão baseadas na história recente. Se por um lado o futuro não pode ser previsto, por outro é possível deduzi-lo a partir da análise de fatos do presente e do passado. Por isso o termo “previsão” não me parece o mais adequado nesses casos, embora seja de uso corrente. Desta feita, usá-lo-ei porém no sentido de dedução.

Então, o que esperar de 2012?

Se levarmos em conta o que vem ocorrendo no mundo nos últimos dois ou três anos, este tornar-se-á um lugar mais difícil para se viver. No plano econômico, a crise financeira que se abateu sobre os EUA em 2008 e mais recentemente sobre a Europa deve afetar de forma mais intensa os demais países – principalmente os países do Terceiro Mundo, os quais dependem das exportações para sobreviver. Caso a China sofra uma desaceleração, a coisa pode ficar bem pior (aliás, as revoltas no mundo árabe, ao contrário do que muitos pensam, não teve início por desejo de liberdade e democracia e sim contra a corrupção e os preços altos dos alimentos). O Brasil provavelmente não ficará imune; e uma desaceleração do crescimento será inevitável. Talvez a coisa não fique pior graças ao mercado interno que, através de incentivos fiscais para aumentar o consumo, pode minimizar o problema.

No plano político, as instabilidades tendem a aumentar com os protestos crescendo ao redor do mundo – uma onda de protestos sem procedentes. Embora no momento a Síria seja o foco de tensão, uma intervenção ou uma possível queda de Bashar al Assad pode levar o Oriente Médio para uma violência generalizada, afetando inclusive o Irã e outros países que até o agora ainda não sofreram com a onda de revoltas. O Iraque também pode vir a ser uma fonte de tensão, já que os EUA retiraram seus soldados; aliás, a tensão entre Xiitas e Sunitas já começou a causar instabilidade. E por último, há uma forte insatisfação com os governos e o poder público nos quatro cantos do mundo, mesmo naqueles países ditos “democráticos” pelos mais diversos motivos, embora a maioria deles sejam justificáveis. Rússia e Grécia são bons exemplos disso. E essa tensão tende aumentar em 2012.

É bem possível que o crescimento econômico que o Brasil vem experimentando nos últimos anos empurre para baixo os índices de violência no país, os quais vêm declinando gradativamente nos últimos anos, dando a sensação de que finalmente a criminalidade esteja diminuindo e o país caminhando lentamente em direção a um país desenvolvido. Aliás, o combate ao contrabando através das fronteiras implantado pelo governo federal pode mostrar os primeiros resultados em 2012, assim como o processo de pacificação das favelas no Rio de Janeiro, evitando assim que o Brasil se torne um México.

Enfim, se por um lado 2012 pode ser bom para o Brasil, o mesmo não se deve esperar para o resto do mundo. Contudo, muita coisa pode acontecer ao longo do ano e nada daquilo que a gente previa vir a acontecer. Assim, só mesmo aguardando o final de 2012 para sabermos.

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