Quando você ligar a TV, jamais pense que está na Dinamarca!

1- Sabemos que a maioria da população brasileira é formada por negros.

Observamos, entretanto, uma situação totalmente incoerente quando ligamos nossas TVs.

Destacando esse fato, alguém comentou que, assistindo televisão no Brasil, é possível experimentar a ilusão de se estar na Dinamarca.

Essa ironia tem sentido, pois os “brancos” predominam nos programas, nas propagandas, nas novelas, enfim, em tudo que vemos na TV.

Vejamos algumas situações:

* Na propaganda lançada pela Globo para festejar o final de 2011 na qual o destaque foi o cantor Roberto Carlos, praticamente não dava para perceber a presença de artistas negros.

Alguns dirão que havia artistas negros e até citarão nomes, no entanto é incontestável que a grande maioria dos artistas brancos fez esses artistas ficarem quase invisíveis.

* Os programas de personalidades famosas tipo Ratinho, Faustão e Gugu sempre mostram uma platéia formada por loiras e jovens brancas sentadas na frente.

Essa constatação não pode ser justificada como uma coincidência, pois sabemos bem que nada nesses programas ocorre por ação do acaso.

* Desnecessário citar que muito pouco vemos os negros nas novelas.

Podemos, então, concluir que a afirmação de que o racismo não prevalece nas emissoras de televisão é completamente hipócrita.

Na propaganda citada e nas novelas, os negros aparecem em pequena quantidade ou porque existem poucos negros no meio artístico ou porque as oportunidades que os mesmos têm não são as mesmas que alcançam os brancos.

Quanto aos que comparecem nos programas, pode até haver um bom número de negros interessados em formar o público, mas estranhamente eles nunca estão nas primeiras fileiras. Por que será?

2- Outra questão digna de análise tem a ver com as cotas.

É comum ouvir que não tem sentido cotas para negros, que isso é também uma forma de preconceito, que está errado...

Quando dizem tais asneiras, esquecem, por exemplo, que a maioria da população pobre do país é formada exatamente por negros.

Na prática as cotas não diminuíram a qualidade do ensino superior como muitos levianamente disseram que aconteceria.

3- Na realidade, a exclusão dos negros é gritante e as oportunidades ainda são bem desiguais se realizarmos uma comparação entre brancos e negros.

Há vários discursos que afirmam o contrário, porém os fatos não podem ser negados se houver imparcialidade na análise do assunto.

Por enquanto, ainda temos um Brasil com cara de Dinamarca não em índices de desenvolvimento, mas na aparência daqueles que sempre estão mostrando a cara nas nossas TVs.

Mais importante do que discutir se o vocábulo “negro” deve ser substituído por “afro”, acredito na relevância de existir a consciência de que há racismo nos meios televisivos e que o mesmo é o reflexo de uma sociedade a qual é racista mesmo sem admitir.

Infelizmente esse preconceito parece ainda longe de sumir, no entanto é fundamental que o mesmo desapareça rápido caso desejemos efetivamente amadurecer e avançar.


Obrigado
Ilmar
Enviado por Ilmar em 01/02/2012
Reeditado em 02/02/2012
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