Quase Memórias

Fui eleito vereador de Promissão aos 20 anos. Quiseram até impugnar a posse junto à Justiça Eleitoral por não ter atingido a maioridade plena. Sem experiência alguma, só escrevia no jornal da cidade , estudava e também lecionava na mesma “Escolinha”, como a chamávamos a Escola Técnica de Comércio, de propriedade de Miguel Martin Gualda e do Waldir Serrano Marzabal. Onde, com orgulho, tive como aluno o atual Prefeito, Geraldo Chaves Barbosa. Mas ingressei na Faculdade de Direito logo em seguida e isso me deu certo prestígio. Era único nikkey universitário na cidade. Não fiz muita coisa, mas deixei registrada minha passagem na conceituada revista da época “Anhembi”, dirigida pelo escritor Paulo Duarte. Quem quiser pesquisar o número daquela época, está lá “O Bom Exemplo de Promissão”. Também ganhei uma página no jornal de Santa Cruz do Rio Pardo, cidade onde o engenheiro Euclides da Cunha escreveu o Os Sertões, enquanto construía uma ponte que até hoje está lá.

Na época, tinha sido aprovado no concurso da Caixa Econômica Estadual e do Banco do Brasil. Fui nomeado primeiro na Caixa, na mesma leva que o Álvaro Cardin, e uma das gêmeas, a Dinha(?) . Quando veio a nomeação para o Banco, aconteceu um fato curioso. Era do PTB e sempre apresentava sugestões, reivindicações à deputada Ivete Vargas, a dona do partido. Pois bem. Ela veio a Promissão e em pleno comício anunciou a minha nomeação para a agência local. Isso pegou mal. Todos diziam que tinha aproveitado do cargo para ser nomeado. Na época, hesitei muito pra largar a Caixa. O salário da Caixa era bem superior. E ainda lecionava Português numa escola de Valparaíso. Trabalhava em Bento de Abreu, uma cidade próxima. Depois que saí, só restou um funcionário. Abria e fechava a Caixa, tomava conta inclusive do dinheiro. Um dia pegou a reserva e sumiu no mundo. Até hoje não o encontraram. A agência da Caixa foi fechada, mais tarde. Não sei se foi esse o motivo. Mas acabei cedendo a conselhos de amigos. Que ironia. Hoje, a Caixa foi encampada pelo BB. Logo após a posse, renunciei ao mandato, a pedido do gerente.

Uma eterna gratidão tenho com a professora Maria Luíza, de Português da “Escolinha”. Ela que insistiu para que prestasse o concurso do BB. Nunca mais soube dela. O pouco que sei é que reside em Barretos e é casada com um médico.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 27/01/2012
Código do texto: T3464188