Os três ambientes da ecologia.
A colocação da temática Alfabetização Ecológica como um dos temas relevantes nos estudos acerca da educação ambiental é de extrema pertinência. Em falando-se de Educação Ambiental, percebe-se que essa, cada vez mais, inter-relaciona-se e é acompanhada das percepções que os indivíduos podem ter acerca do ambiente que lhe rodeia. Essa amplificação de visão tem associado cada vez mais o ponto de vista biológico da educação ambiental a um contexto sócio-econômico e cultural, chegando a níveis políticos, éticos, científicos, financeiros, tecnológicos, dentre inúmeros outros.
É certo que esses temas verdadeiramente estão em evidência na atualidade, entretanto, o que é extremamente preocupante é que não se pode visualizar, em grande parte dos envoltos pelo auge ambiente-educacional, mudanças de atitude em níveis coletivos; o que assusta é que também, por vezes, nem em níveis individuais. Outro ponto que observa-se, é que o que predomina é a ideia de que as palavras anunciadas repetitivamente geram mudanças, mesmo que sem ação efetiva, pois, muito se fala e pouco se transforma.
A ecologia, do grego “oikos/logos”, assume, nesse contexto da Educação Ambiental e da Alfabetização Ecológica, dimensões diferentes e mais amplas que as adotadas pelas noções biológicas, enveredando (e sem considerar isso extremo) por caminhos tão mais interdisciplinares, que são capazes de reintegrar ciência e espiritualidade. Peço que não me julguem por dizê-lo, mas avaliem racionalmente a lógica disso:
Em primeiro lugar, cabe lembrarmo-nos que o menor, porém, mais importante ambiente que nos circunda como vida é nosso próprio corpo, em níveis físico, mental, espiritual (pra quem escolhe crer). Como então temos cuidado desse ambiente? O que tem nos alimentado, motivado ou movido?
Quando temos uma relação equilibrada com nós mesmos, em nossa própria dinâmica vital, aí sim chegamos ao segundo ambiente, o das relações que estabelecemos com os que estão em nosso entorno. E para que essa relação se estabeleça com sucesso, um exercício é fundamental: buscar se colocar no lugar do outro para tentar ver como ele vê, e assim, entender e ajudar tanto ao outro quanto a nós mesmos. É o princípio básico dos ensinamentos de humildade.
Unidos em sociedade somos mais fortes, e como força, em massa podemos sim atuar sobre o mundo, sobre o ambiente, entretanto, com o cuidado e a humildade necessária para compreendermos e transmitirmos a realidade da nossa dependência como seres vivos; dependência essa que não é intra-específica, mas, interespecífica, sendo então uma interdependência. Perceber essa interdependência faz-nos chegar ao terceiro ambiente.
Se ler (ou ter escrito) hoje esse pequeno texto temático despertar-nos esses pensamentos, então que estes pensamentos não morram em nossas ações cotidianas, para que, desse modo, possamos construir relações que se estabeleçam de modo digno e durável, com saldos de ganho nos diversos ambientes pelos quais somos cercados.