Ordens são ordens

“Entendo seu problema mas não posso resolver:

É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver.”

- Metrópole, Legião Urbana;

Você sabe o que é burocracia? Se não, sinta-se com sorte. O termo, ainda que utilizado para demonstrar uma estrutura organizada, peca pelo simples exercício do exagero corporativo. Vivemos num mundo regido por regras, procedimentos operacionais, responsabilidades organizacionais e diversas outras palavras compridas que, na prática, não querem dizer tudo isso que aparentam. Respaldadas por tal controle, diversas organizações, tanto privadas quanto públicas, insistem em utilizar tais mecanismos burocráticos a torto e a direito. E não pense que apoio a tão temida revolução, nem a queda do sistema ou alguma outra profecia bíblica. Conseguimos chegar até aqui, mantendo uma sociedade teoricamente civilizada, somente com a criação de certo modelo de administração. Ninguém gostaria de viver numa utopia em que os valores morais fossem destruídos pela comodidade de uma liberdade repleta de hipocrisia e afetação. A única coisa que me deixa transtornado é o quanto tais regras ignoram a única coisa que realmente importa: o lado humano. Dificilmente existem excessões quando se fala de burocracia. Nenhum regimento prega o ouvir ante o vetar. Criam modelos de pessoas, esperam que todos sigam esse molde imposto, sem chance de questionamentos ou explicações. Falam de ordem, de contribuir para a organização da instituição, porém se esquecem de retirar as vendas corporativas e olhar ao redor. Esquecem do altruísmo, do ajudar ao próximo. Pregam ideais de sustentabilidade, inovação industrial e desenvolvimento humano ao mesmo tempo em que barram a entrada de um enfermo por se esquecer de um cartão ou levam a interpretação de sigilo cadastral de forma tão literal que você não é você até que prove o contrário.