IMORTALIDADE IMEDIATA

Tenho utilizado as redes sociais como vitrina para amostragem de minha arte literária, que é, por opção, a mais impessoalizada possível. Procuro evitar derramamentos emocionais egocêntricos. Nem sei se os poemas são meus – e se os deveria assinar – porque aquele que os cria e escreve não sou eu, e sim o meu “alter ego”. Naquelas paragens continuamos encontrando os amigos pra curtir o que sabemos e apreciamos. Gosto de gente que quer se comunicar. A net chegou à ótima hora ao espírito humano: conversa-se com o ‘desconhecido íntimo’. Quantos poemas, prosas, recadinhos inocentes ou pecaminosos (e sempre convidativos ao encontro) escrevemos àquele ou àquela que nem sabemos o nome, nunca vimos o seu rosto ou apertamos a sua mão? O humano ser é – sempre e mais – um invólucro imaterial... Quantos de nossos costumeiros interlocutores já falecidos estão virtualmente vivos, por ainda possuírem minuciosas páginas nos sites de relacionamento ou nos blogs individuais? Estaremos frente ao Novo mais do que nas páginas do livro em relação ao autor? Mais palpável, vivo e democrático do que nas Academias de Letras e suas pomposidades... Será esta uma das formas da decantada Imortalidade imediata?

– Do livro PALAVRA & DIVERSIDADE, 2011/12.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3454328