OS DITOS POPULARES - II

Por Carlos Sena

Cada um utiliza como pode seu poder de comunicação. Quem é mais letrado, utiliza linguagens rebuscadas; quem é mais fraco de leitura, utiliza seus próprios códigos como forma e assim vai. Independente, os ditos populares alcançam, no meu modo de ver, todos os segmentos que vão desde os intelectuais de verdade até os chig lings da intelectualidade. A linguagem do povo é tão rica quanto a dos sábios que, nalguns momentos dão a impressão de que não são povo. Mas são. Os ditos populares são a mais pura tradução do sentimento humano. Talvez eles não tenham sido construídos como quem escreve um livro, mas certamente nasceram da alma viva do povo quando do ato da vivência ao vivo e em cores. Amores perdidos, amores traídos. Saudades, paixão, dor, angustia, solidão, etc., tudo dá “samba”, no viés popular das expressões. Senão vejamos:

Outro dia li num restaurante a seguinte frase: “Se a mulher, feita da costela de Adão é tão orgulhosa, imaginem se fosse do filé”...

Numa padaria estava escrito: “Se banco não vende pão, padaria não troca dinheiro”. Como estas, outras mais conhecidas como:

“Amor só de mãe”;
“Rapadura é doce, mas não é mole”;
“A vida só é dura pra quem é mole”;
“Não se faz omelete sem quebrar os ovos”;
“Se conselho fosse bom ninguém dava (conhecidíssima)”;
“É de pequeno que se torce o pepino” – referência aos pais que deixam pra educar filhos depois de grandes, sem sucesso;
“Formiga sabe que roçado come”;
“Quem disso usa disso cuida” – referência aos que acusam os outros do que eles mesmos fazem – useiros e vezeiros;
“Tem sempre um dia depois do outro e uma noite no meio só para atrapalhar”; “Direito tem quem direito anda”;
“Todo mundo é bom, mas a lua falta um pedaço”;
“É muito bom ser viado com o “C” dos outros”;
“Pimenta no “C” dos outros é refresco”;
“Quem diz o que quer, ouve sempre o que não quer”;
“Diz-me com quem andas que te direi quem és”;
Quem com porco se mistura, farelo come”;
“Sapo tem olho grande mas não sai do chão”;
“Besta é coco” – Por quê? Porque só tem dois olhos e dá um pra furar..

No rol dos mais grotescos, temos, por exemplo, as Latrinárias – aquelas que se escrevem nas portas dos banheiros públicos e congêneres. Outro dia, num banheiro público encontrei a seguinte frase que achei interessante:


“Já que você tá cagando, lembre-se das merdas que você já fez” – Guardadas as devidas ponderações, mas há um pouco de filosofia nisto.

No viés dos caminhoneiros, as frases clássicas já estão muito batidas, mas existem outras mais inteligentes, tais como:
 

01 - Big brother” de pobre é buraco de fechadura.

02 - 100 pecado e 100 juízo.

03 - 18 pneus rolando, 16 marchas cruzando e 1 corpo fritando...

04 - 60 num bar, 70 sair 100 pagar, aí mando a polícia 20 buscar.

05 - 70 me passar, passe 100 atrapalhar.

07 - 80 ção! 20 te ver!

08 - 80 ção! 20 te ver! 100 você, não sei viver!

09 - 80 ção, 20 te buscar, mas 100 pressa...

10 - A bebida desperta o poeta que há em cada um de nós.

11 - A cal é virgem porque só lida com brocha.

12 - A ciência é infalível, quem se engana são os sábios!


Aos poucos o homem vai se ajustando a novas linguagens. Novos escritos, novos grifos, novas tiradas, vão sendo escritas agora com o aval e o estampido da internet. Independente, a alma do povo é quem manda. Sendo prático: diante de uma topada, mesmo quem é intelectual ou super bem educado, dificilmente diz “meu Deus!”, mas puta que pariu! Ou não?

É isto, mas dêem um descontinho porque hoje é sábado e todos os demônios estão na porta do “inferno” pra sair...