O CARÁTER

Alguém pode dizer qual a cor ou o formato do caráter? Alguém pode informar qual a altura, a largura ou o comprimento do caráter? Alguém já pegou, segurou ou pelo menos apalpou o caráter? Acredito que não, pois o caráter é um substantivo, mas é abstrato.

Em algures escreveram: “O caráter foi comparado ao alicerce ou fundação de um prédio que, depois de construído ninguém enxerga, mas é a base de sustentação, é a segurança da construção”. E acrescenta ainda, “O caráter de uma pessoa, portanto, não apenas define quem ela é, mas também descreve seu estado moral e distingue das demais do seu grupo”. O sábio Salomão, em Provérbios 14:14, diz: “O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com o seu proceder”.

Na verdade, é muito vasto o campo de definição do caráter, algumas pessoas definem o caráter de uma forma muito prolixa, outros, no entanto, definem de uma forma mais resumida, tal qual: “Caráter é um conjunto de hábitos adquiridos ou desenvolvidos ao longo do tempo”.

De qualquer forma, o caráter não deixa de ser “o conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo”. Sendo, sem dúvida, o modo como deve ser ou como se comporta o indivíduo.

No meu entendimento, o caráter não se adquire numa escola secundária ou mesmo numa faculdade, pelo contrário, aquele que é portador de um caráter admirável, poderá perdê-lo com facilidade até mesmo na instituição de ensino, ou ainda, na companhia de amigos que pouco valorizam o caráter.

Ora, se o caráter “é um conjunto de hábitos adquiridos ou desenvolvidos ao longo do tempo”, esse conjunto de bons hábitos que é o caráter pode ser perdido em curto prazo, caso aquele que o possui, negligencie na condução do mesmo. Paulo escrevendo à igreja de Corinto disse: “as más conversações, corrompem os bons costumes”. I Co. 15:33. Paulo tinha razão, pois a discórdia dos bons princípios pode, evidentemente, corromper o caráter do cidadão, significando dizer que, o relaxamento moral do indivíduo, resulta na deficiência de sua formação.

Minha mãe, para nos chamar atenção em relação ao nosso comportamento, revelando assim, nas entrelinhas, certo grau de ciúmes por nós, quando arranjávamos um amigo, que ela não sabia sua procedência, nos dizia com freqüência: “a derrota de uma árvore verde é ter uma seca encostada, pois vem o fogo e queima a seca e a verde fica sapecada”.

Contam-nos uma estória, sobre a qual não sabemos sua procedência e nem sabemos também se há algum fundo de verdade na mesma, poderíamos chamar aqui de “anedota”, que evidentemente, serve para ilustrar o que ora estamos descrevendo.

Certo cidadão possuía um papagaio muito inteligente, era um papagaio educado e muito respeitador. As pessoas que o conhecia, consideravam-no, como um animalzinho intelectual. Aquele papagaio cantava, recitava versos e prestava também, muita atenção nas conversas das pessoas e as cumprimentava, e até participava dos bate-papos, enfim, aquele animalzinho de fato, era muito admirado por todos que lhe conheciam.

No outro extremo da cidade, havia um cidadão que possuía um outro papagaio que, também conversava, só que suas conversas, não agradavam a ninguém, pois era depravado, falava muito mal e não respeitava as pessoas, às vezes o que ele falava deixava seu dono “vermelho” de vergonha.

Um belo dia, o dono desse papagaio, em visita ao dono do papagaio inteligente, pediu para levar aquele papagaio inteligente para sua casa, a fim de passar uns quinze dias com o seu; tempo suficiente para ensiná-lo tudo que de bom ele sabia. O dono do papagaio inteligente não hesitou ao pedido, e deixou que aquele senhor levasse seu papagaio. Pasme o leitor! Aquele papagaio inteligente não repassou nada para o outro papagaio, pelo contrário, o outro lhe desvirtuou, pois voltou para sua casa só falando bobeira.

Moral da história: “dize-me com quem andas que direi quem tu és”. Mas uma vez, queremos fazer uso do texto bíblico que diz: “as más conversações corrompem os bons costumes”.

Por essas e outras, afirmamos que mamãe, com certeza, estava coberta de razão, pois mesmo sem entender de psicologia, costumava ter grande preocupação com as amizades que nós constituíamos. Tenho certeza que mamãe sabia que nossa personalidade ora em formação, era muito vulnerável e precisávamos de seus bons e sábios conselhos, para mantermos o bom caráter que, pelo qual ela muito lutava com zelo e denodo.

Como bem dito acima, mamãe não tinha cultura educacional, nunca freqüentou uma escola, chegou mais tarde, com muita dificuldade, a aprender assinar o seu nome, isso com o auxilio e a boa vontade de uma grande amiga, a irmã Josefa Fialho, carinhosamente conhecida como irmã Zefinha, que inclusive, era sua professora da Escola Bíblica Dominical. Mamãe na verdade, não tinha bens materiais, mas era inteligente e muito sábia, como esposa e como mãe. Não deixou em tempo algum de lutar pela manutenção do caráter na vida de seus filhos, e todos nós - seus filhos - afirmamos com muita segurança, que o legado do caráter que nossa mãe nos deixou, foi o maior patrimônio que dela herdamos.

Quando nós chegamos em Imperatriz, um certo dia recebemos a visita de Odete de Brito, uma conterrânea e grande amida de meus pais. Odete aproveitou aquela visita para procurar uma mala que sua nora, quando veio para esta região, havia esquecido no ônibus. Segundo Odete, a empresa de ônibus guardava num depósito todos os objetos esquecidos por seus passageiros no interior do veículo. Até aí, tudo bem, minha dúvida era como Odete, que logicamente era desconhecida do gerente da empresa de transporte, iria receber aquela mala se ela não tinha nenhum comprovante.

Perguntei a Odete:

- O que você fará para identificar a mala, já que não existe comprovante?

- A mala eu a conheço, respondeu Odete, e sei tudo que existe no seu interior, e começou a relatar objeto por objeto, que segundo ela, existia no interior da mala.

Entre os objetos citados, Odete lembrava muito bem e falava com freqüência, de um livro intitulado: “Colunas do Caráter”. De tanto Odete falar desse livro, fiquei curioso para conhecê-lo. Como fui o seu companheiro na busca daquela mala e tendo ela encontrado, deu-me o livro de presente. Era um livro editado por uma determinada Igreja Evangélica, com muitas ilustrações cujo material era de ótima qualidade, porém, não tive a felicidade de lê-lo, pois me subtraíram em pouco tempo, passei um bom tempo sem esquecer aquele livro. Acredito que aquele livro, traria bons ensinamentos sobre o caráter.

Luís Gonçalves
Enviado por Luís Gonçalves em 15/01/2012
Código do texto: T3441869