O NADA
Queria escrever alguma coisa, mas no momento só o nada me inspira; então vamos a ele:
Vivemos em um nada, em um vazio, em uma enorme bolsa de ar, ou seja se sairmos um pouco do nosso mundinho, o que temos? Um imenso espaço, cheio de nada, buracos negros, milhares de anos luz, estrelas que vemos brilhar e que já não existem mais.
Planetas que aparentemente não podem ter vida humana, não como as nossas.
Voltando aqui para o nosso mundinho, o que vemos? O grande nada que a sociedade impõe aos miseráveis, aos subalternos, ao povo em geral.
Quem está por cima na escala politica e social, olha para baixo e vê o grande nada, que é sobreviver com um salário mínimo.
Quem é um artista famoso, olha para um outro artista do povo, e vê o grande nada que é sobreviver de cachês miseráveis, em circos mambembes, ou teatros com ratos e baratas, mas ainda assim teatros.
Nos corredores das grandes emissoras de televisão, os grandes diretores, olham para os atores em fim de contrato, percebem o nada que é a vida deles, dependentes de uma renovação para continuar a viver com dignidade.
Nas empresas que empregam centenas de pessoas por muitos anos, que em algum momento abrem falência. O grande nada se instala nas vidas de todos. Do dona ao servente de limpeza, todos perdem o chão, sentem um vazio no estômago e passam a viver o grande nada existencial.
O nada na cabeça de quem sofre de depressão, na hora da crise maior, o que se sente é o vazio de existir.
O nada que sentiu o corpo ao cair, que se jogou lá na UERJ, que mulher era aquela? Por que se jogou? Era louca? Era estudante? Quem sabe? lá embaixo só tem o nada de um corpo morto coberto com um saco preto de lixo.
Afinal o existir é um grande nada ou tudo?
Depende de quem vive, e como vive, mas no fundo somos a soma do tudo e do nada e a média é o que se vive.
Se sairmos perguntando por ai sobre o nada da vida, vamos encontrar todos agarrados a esse nada, e desejosos de nunca perder esse nada, que é certo que um dia perderemos.