SMALL IS BEAUTIFUL - ou as coisas pequenas é que são grandes coisas
Nos anos 70, Elis Regina cantou a bela canção Black is Beautiful, de Marco e Paulo Sérgio Valle, que fazia um contrapondo à idéia racista de que o negro era feio, invertendo os pólos.
Na década seguinte acompanhei de perto o Movimento Alternativo no Brasil, que não teve muita repercussão grande mídia, mas agitou bem certas camadas mais sensíveis e ligadas numa movimentação underground que rolou nestas e em outras terras e que se fragmentava em diversas agitações, fatos e eventos, que iam das experiências das comunidades rurais, das religiões diferenciadas, como a Hare Krishna, Santo Daime, Gnose, taoísmo, zen budismo e esoterismos em geral, de Paracelso a Osho Rajnessh, além é claro da imprensa alternativa, poesia marginal e a ecologia.
Eu que me meti em tudo isso e ainda andava em passeada estudantil e na luta pelo restabelecimento da democracia no Brasil, quase dei um nó nos neurônios nessas estradas, praias e acampamentos do País.
Nessa busca intensa e experimentações várias posso dizer que o que ficou um pouco em mim do taoísmo (yin /yang), macrobiótica (alimentação à base de grãos), política (do livre pensar), anarquismo (redução do Estado na vida das pessoas) luta ecológica e pacifista – coisas que pratico com moderação, ainda hoje, além dos aprendizados da gnose (cristianismo primitivo), do qual me ficaram algumas poucas lições.
Nessa época caçava publicações de toda espécie e eram muitas as opções. Não podia ver convenção, encontro e confraternização de maluco que lá eu estava. Cheguei a participar de um Encontro de Comunidades Rurais, na fazenda dos Hare Krishna, no interior de S. paulo, tudo na busca de aprendizado. Nestes locais comprava toda a literatura sobre assuntos e essas tendências.
Bem, escrevo isso para dizer algo sobre o que li certa feita e que marcou muito em uma dessa publicações alternativas, uma publicação portuguesa, muito bem elaborada e que misturava temas que me interessavam, basicamente calcada na ecologia, pacifismo e busca de saídas ecológicas, auto-sustentáveis. Nela me lembro de um tema muito interessante abordado sob o título: Small is beautiful.
Ali o autor falava de como são interessantes as coisas pequenas, a partir da propriedade rural. Como a música cantada por Elis Regina, fazia um contraponto à merda que são as coisas “grandiosas”, como a monocultura, grandes cidades, impérios, ditadores e seus egos gigantes e prepotência idem; celebridades ocas, grandes jogadores de futebol, mas vazios de conteúdo e de propósitos.
Quando as pessoas se acham maiores que as demais - isso é péssimo.
Descubro hoje que esse artigo antigo me influenciou.. Enfim, Escrevi tudo isso só para arrumar uma desculpa para escrever: SMALL IS BEUTIFUL. Nada mais atual no meu pensamento, ao ver a destruição da natureza pelas "grandes" potências.