O PIOR CRIMINOSO DA CIDADE
Não falo de um criminoso comum... Trata-se de um legítimo sociopata, simplesmente o mais sanguinário assassino que a cidade já viu. O verdadeiro exemplo do anticidadão, uma existência absolutamente amoral e sem nenhuma ética. Um estuprador covarde que violenta não só o corpo, mas também o espírito de suas vítimas.
Esse criminoso corrompe logo nos primeiros contatos, transformando todos em desorientados criminosos capazes de cometer infrações tão absurdas que chegam a ser ridículas. Frente seu domínio crianças, jovens, homens e mulheres tornam-se zumbis que se arrastam pelos cantos e encruzilhadas sob as sombras das luzes da cidade. Gente com o olhar perdido, vivendo uma paranóia vidrada, seres tomados por um medo contínuo e desesperado, como a intensificação da ilusão de poder.
O sociopata ataca destruindo a base de toda a estrutura social. Trata-se de um retalhador de famílias!
Muitas de suas vítimas vêm do seio de boas oportunidades... Mas ele prefere pessoas desfavorecidas, marginalizadas, crianças e jovens nascidos sem presente e condenados a crescer sem a oportunidade de aspirar a um futuro.
Quando finalmente este maldito criminoso mata sua vítima, ela já não é quem foi, já se esqueceu de seus entes queridos e até de si mesma. O último golpe, mesmo sendo esperado, aterroriza por sua letal violência. O sangue jorra em todos que estão próximos, principalmente naqueles que tentaram tirar as vítimas do transe de desesperança. Os parentes e amigos agora tentam se lavar com as próprias lágrimas.
O maior criminoso da cidade é um supervilão. Sim! Ele tem poderes de dominação sobre mentes e corações. O “supercriminoso” pode estar mais próximo do que podemos imaginar, pode atuar através de qualquer pessoa, pode estar em um estranho, em um conhecido, em um amigo ou mesmo nos entes mais queridos. Entretanto, como todo supervilão, esse sociopata precisa de um herói que o combata!
Esse super-herói existe e é fruto do trabalho conjunto de todos nós!
É claro que o herói sempre vence as batalhas, mas é imprescindível salientar que ele nunca matará o vilão, na última hora o herói sempre vem com aquela conversinha clássica: “se matá-lo, serei igual a ele”. O supervilão, por sua vez, também não mata o super-herói, sempre que consegue aprisioná-lo faz um daqueles joguinhos de morte ridículos do qual o herói sai sempre ileso para voltar a combatê-lo.
A verdade é simples: tratam-se apenas de estratégias demagogas de ambas as partes, pois, assim como todo supervilão precisa de um super-herói, todo herói precisa de um vilão, só assim, a existência de ambos tem sentido.
O nosso super-herói possui todo um conjunto de poderes usados no combate às atividades do vilão. Poderes esses, cuja uma das fontes é o suor de nossos rostos.
O nome do sociopata deve ser anunciado, o grito deve ecoar por todas as ruas e becos da cidade e deve ser proferido nas mais diferentes línguas, pois só assim as pessoas irão entender o recado e não se deixarão levar por sua covarde sedução. O maior assassino da cidade se chama Crack, vulgo “Pedra”. E quanto ao aclamado herói, aquele que nos enche de orgulho, ironicamente, também tem como uma de suas fontes de poder as ações praticadas por esse vilão, um temido mafioso que gera mais poder para o herói quando comparado ao suor de todos nós juntos.
A questão do crack e de outras drogas com indiscutível poder de destruição social não é algo para ser simplesmente enfrentado, é uma questão que deve ser totalmente repensada, buscando a transvalorização da problemática. Digo isto com base no fato de que o tráfico de drogas está entre as três maiores economias do mundo, dividindo o pódio com dois outros sociopatas, dois poderosos comparsas do horror: o tráfico de armas e o tráfico humano.