A GENTE É GENTE NÃO MÁQUINA

A história da criação muito nos ensina sobre Deus e nós mesmos, pois se Deus escolheu nos criar como seres humanos, somos, evidentemente, as criaturas mais importantes no reino animal, razão porque dizem que “O homem é a medida de todas as coisas”.

O texto sagrado de Gênesis diz: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou”. Do ponto de vista filosófico “o homem seria, então, uma criatura, ou seja, um ser cuja realidade não é própria, mas foi criado à imagem e semelhança de Deus” e, tem mais, Deus ao criar o homem o abençoou e disse-lhe: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra”.

O texto diz: “dominai sobre”. Todos nós sabemos que Deus é todo poderoso, porém, Deus delegou um pouco de sua autoridade à raça humana, a fim de que esse assumisse com responsabilidade a autoridade e o controle sobre o meio ambiente e as outras criaturas que compartilham o planeta.

No contexto da criação, entendemos que Deus ao criar o homem o capacitou e dotou de inteligência para também criar inventos de toda e qualquer natureza.

E, o homem por sua vez, deu expansão ao gênio criativo, iniciando suas atividades na agricultura, na pesca, caça e criação de animais - a pecuária. Porém, expressões filosóficas mostram que “nada preocupa tanto o homem quanto a condição humana, e nenhum espetáculo é mais atraente para o homem do que o próprio homem”.

As preocupações do homem com sigo mesmo é em massagear o seu ego, a fim de mostrar que é capaz de tudo. Entrou para o mundo dos inventos, isto é, decidiu o homem, de forma sábia e inteligente, evoluir seus conhecimentos e colocar em prática suas idéias e, aí vimos sua imaginação se materializar, com isso, deu início as suas atividades, a partir da invenção das coisas mais simples, até às mais complexas.

A ansiedade do homem pelo desejo de inventar era tão forte que Arquimedes – um inventor grego do século III a.C. – pronunciou a seguinte frase: “Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo”, referindo-se ao poder das máquinas, capazes de realizar tarefas com um mínimo de esforço humano, hoje, como percebemos, há máquinas possantes que, pelo simples acionar um botão, com o mínimo esforço possível poderá revolucionar de fato, o mundo.

O homem, evidentemente, consolidou suas idéias de tal forma que, hoje estamos vivendo a era dos grandes inventos, tais como: o aparelho celular, o computador, a informática, Internet e outros absolutamente evoluídos, que dado à amplitude do mundo das máquinas, torna-se impossível descrevê-las mesmo de forma resumida, suas características e funções. E, não param por aí, a história mostra que, há altos investimentos em cientistas, por parte das grandes potências mundiais visando descobrir novas formas para maiores inventos tecnológicos e científicos.

A máquina vem desde tempos antigos tomando o lugar do ser humano, impactando positivamente no setor produtivo e em outras áreas, com isso tem contribuído bastante para o desemprego em massa.

Eu me lembro que, no início da década de 70, ocasião em que, a rodovia BR 010 (Belém-Brasília), estava sendo asfaltada em nossa região, vi pela primeira vez uma máquina retro-escavadeira, um tipo de máquina pesada, adquirida por construtoras de grande porte. Essa máquina era exclusivamente para fazer escavações no sentido de construir grandes valas, então um amigo meu disse: “esta máquina está tirando o trabalho de muitos homens, gerando desemprego para muitos pais de família”.

Hoje está muito pior, pois outras máquinas estão dominando o mercado e suas atividades e o homem exposto à ociosidade.

A famigerada ganância do homem pelo produzir mais, a fim de atender a demanda contribuiu para que ele se tornasse vítima de sua própria invenção. E, nesse campo, o homem investiu tanto e tanto se aperfeiçoou, que, no mundo dos seus inventos há máquinas que se confundem com o próprio homem, no caso, os robôs.

“Robô é o nome que se dá a qualquer máquina de operação automática que substitua o homem na execução de trabalhos”. Embora existam robôs tão evoluídos no mundo das máquinas, capaz de ser confundido – do ponto de vista físico – com o próprio homem, todavia, o robô é robô, não é humano, significa dizer: que o homem deve ser tratado como homem, enquanto que a máquina deve ser tratada como máquina e, jamais devem ser confundidos tais tratamentos, visto que, o homem é que deve ter domínio sobre a máquina e não máquina sobre o homem.

Outro dia, fui tão maltratado e tão humilhado, por um cidadão que se diz amigo meu, que precisei dizer-lhe: sou humano, sou gente, tenho sentimento, tenho alma; nas minhas veias corre sangue e tem um coração batendo dentro de mim; e eu me movimento espontaneamente; sei falar e sei ficar calada, eu ouço, eu vejo, eu sinto odor e olor, e também sou a imagem e semelhança de Deus.

Eu quis dizer-lhe, que gostaria de ser tratado como ser humana, com respeito e consideração e não como traste, uma pessoa sem valor, sem prestígio ou um objeto qualquer. Eu conclui dizendo-lhe: eu não sou máquina.

E é isso mesmo, às vezes somos tratados como o pior dos animais, como um elemento sem valor, ou ainda, tratados como máquinas, principalmente pelos nossos líderes, só porque se dão ao luxo de está no patamar mais elevado que o nosso e quer nos humilhar e nos tratar mal. Uma boa parte desses líderes precisa de mais capacitação na área de recursos humanos a fim de tratar o homem como homem mesmo e não como máquina.

Mas pensando bem, o homem sempre foi cruel. O Padre Antônio Vieira disse: “Quando Cristo esteve entre as feras, nada lhe fizeram, mas, quando esteve entre os homens, estes lhe mataram”.

Quem não conhece a história sobre os Mártires do Coliseu? Quanta perversidade! Muitas vezes a vítima, pelo simples fato de confessar o Cristianismo, era lançada na Arena diante de milhares de espectadores que vibravam ao presenciarem tais senas, para ser devorada pelas feras famintas que, em jejum, permaneciam enjauladas, aguardando o momento propicio para saciarem sua fome, mas, a providência divina, interagia para embargar-lhe o progresso, e esses animais ficavam sem ação, olhando para o mártir, como se uma luz magnífica os deslumbrasse e aterrorizasse, mudando o curso de seus instintos. Porém, escapando os mártires das feras, eram decapitados pelos golpes da espada afiada, pelo próprio homem que detinha o poder.

O homem, de fato, precisa ser mais humano, ter sentimento e respeito pelo seu próximo, a final de contas, seu próximo é homem e não maquina.

Luís Gonçalves
Enviado por Luís Gonçalves em 11/01/2012
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