CONSIDEREMOS OS ANOS

CONSIDEREMOS OS ANOS

Debaixo do sol, o humano vive a sua aventura, que pensando bem é uma aventura um tanto quanto perigosa. O fascínio que a luminosidade nos proporciona, faz-nos encantar com muita coisa externa, sem importância, perdendo assim o foco, esquecendo o alvo, a objetividade na vida.

É de grande importância observar a experiência dos já experimentados pela vida, pois estes foram calejados, saturados pela luminosidade disponibilizada para os olhos. A experiência dos mais velhos é de vital importância para os jovens que estão trilhando os primeiros passos na vida, que a experiência adquirida dos mais velhos, podem ajudar-nos a ver tantas opções de caminhos.

O Que faz um rapazote ao ouvir um senhor, já com os seus setenta anos dizer: “Todas as coisas são canseiras, tais que ninguém as pode exprimir. os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. o que foi, e o que há de ser; e o que se fez isso se tornará a fazer: nada há, pois, novo debaixo do sol”. (Ec 1.8,9).

Há um ciclo da vida humana. O primeiro lugar onde o compasso é colocado; dá-se o nascimento, daí o ser humano entra na cultura onde seus progenitores vivem, o infante começa a receber os ensinos, que são vindos de gerações. Os hábitos dos avôs, de toda ancestralidade vem a tona e molda, da parâmetro a vida que retoma o seu ciclo em um novo ser.

Estas palavras são de um homem que viveu e conquistou tudo que um ser humano pode conquistar. Salomão, o filho do Rei Davi e Beteseba, a ex-mulher de um soldado do rei. Salomão conhecia como era a vida fora dos portões palacianos; sua origem pelo lado materno era simples. Sua mãe sofreu abuso sexual por parte de Davi, quando ainda era mulher do soldado Urias. Com toda essa história de vida, ele chegou ao trono da nação, através do legado do seu pai Davi. Agora rei, ele conquista, expande o reino, abusa do poder, explora os seus súditos, com impostos pesados, com a finalidade de manter a pomposa vida no castelo real. A conquista de cidades, construção de um grande templo, idéia e pedido do seu pai antes de morrer... Todas as conquistas e construções deram a Salomão um sentimento de plenitude, nas suas conquistas.

Com tanto sucesso e poder, Salomão se desvia da adoração ao Deus criador, o grande Eu Sou, o Deus dos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó, os chamados patriarcas hebreus. A força da juventude fez do rei um homem que não satisfazia em adorar apenas um Deus, mas queria vários; quanto maior o panteão mais poder. Deixando ser “seduzido” por muitas mulheres pagãs, ele foi aceitando os deuses de todas as nações. A ambição fez o rei perder a hegemonia da nação, estabelecendo caos político e espiritual no seu povo.

Na vida, o amadurecimento chega através das experiências, agradáveis e desoladoras. Salomão chega ao final da vida, observando o ciclo de coisas que vivera. Toda a gama de erro e acertos, levou-o a adquirir sabedoria, entendendo os caminhos da vaidade humana.

Os comentaristas bíblicos, dizem que o livro de Eclesiastes foi escrito na sua velhice, os anos da sabedoria adquirida pela experiência, os anos em que o entendimento da vida chega a plenitude, anos em que a paixão, o fogo é substituído pela reflexão. É nessa fase da vida que falta a força, mas sobra à sabedoria do coração, o discernimento verdadeiro do bem viver, da espiritualidade.

Eclesiastes finaliza com um conselho sábio, para aqueles que ainda vivem debaixo do sol: “... Teme a Deus e guarda os seus mandamentos...”. (Ec 12.13).

Como é necessário ouvir os conselhos daquele mais velho! Experimentado pela vida, que errou e arrependeu-se, voltando a considerar os caminhos da espiritualidade, os caminhos de Deus. Jovens esqueçam a força dos músculos, dê atenção aos seus avôs, pais..., que com olhar de amor, poderá discernir os anseios e os caminhos que levam a lugar algum. Os sábios da vida podem orientar aqueles que apenas estão no início do seu ciclo de vida. Não esqueçam que os mais velhos são inclinados a espiritualidade e ao temor do senhor, afinal de contas, falta-lhes a força e sobra sabedoria.