Carreira profissional

Fase das indecisões... Adolescência! Engraçado que para mim,ser adolescente não foi época de dificuldades quanto aos caminhos que deveria escolher. Ao contrário de muitos de minha idade, eu já sabia o que queria para o meu futuro... Por incrível que pareça, muitas das decisões tomadas na adolescência ainda permanecem comigo, e algumas já se concretizaram.

Umas das certezas que sempre tive, enquanto adolescente, era sobre a carreira profissional. Nada tirava de mim a idéia de que eu iria ser médica. Sempre tirava boas notas em ciências, mais tarde, no Ensino Médio, em Biologia e, portanto, isso me daria chances de chegar onde eu tanto queria.

Mas existiam barreiras... Meus pais não poderiam me manter em uma faculdade de Medicina e, muito menos, comprar os livros... Foi aí que minha mãe, ao me indagar sobre o que eu esperava do futuro, me disse que eu deveria escolher outra carreira.

Outra carreira? Eu nunca tinha pensado nessa hipótese. Para mim, a possibilidade de ter que pensar em outra profissão era "carta fora do baralho". Mas tive que mudar de rumo... era o jeito!

Passei o Ensino Médio inteiro tentando descobrir que carreira seguir... Embora fosse boa aluna, nunca achei que seria fácil. Tinha afinidade com matemática e inglês (além de amar as duas disciplinas!).

Foi a partir das habilidades e preferências quanto às matérias estudadas na escola, que decidi que direção seguir... precisava de uma direção...

Pensei em vestibular para Matemática, mas temi a Física... Precisava passar na primeira tentativa. Era a cobrança que eu recebia.

Fiz Letras. Hoje sou professora de Língua Portuguesa. Não me sinto realizada... Embora goste de ler, escrever, estudar... (quando os alunos se mostram interessados...) Mas a convivência com colegas de trabalho foi me ensinando, aos poucos, a beleza de ser educadora. Percebo a importância da carreira e o quanto posso influenciar um aluno. Mas o sentimento de frustração continua e com ele, a revolta.

É visível a importância que temos para a sociedade... Será que apenas nós professores notamos isso? Investimentos não têm sido suficientes e, o que é pior, não somos valorizados pela sociedade que ajudamos a formar...

Ontem uma colega de trabalho fez um comentário interessante... bonito, mas carregado de tristeza:"os professores ajudam na formação de grandes profissionais. Estes seguem brilhantemente em sua carreira, enquanto aqueles páram no tempo".

Mas por que os professores páram no tempo? Profissionais ruins não são. Se o fossem, não seriam peça-chave de instituições que dão continuidade à educação de crianças, adolescentes e adultos...

Na verdade, há uma falta de respeito aí. Já notou que por mais que se pense estar avançando, não se avança? Que embora tenha progredido na tecnologia, a sociedade, principalmente a brasileira, não tem atingido o nível de ascensão esperado? Desvalorização!

Fazer a sociedade evoluir significa procurar mudar significativamente todos as áreas;isso representa dizer que não dá para excluir os professores... os "pobres" professores...

Não sei o que incomoda mais: se a desvalorização do professor vinda da sociedade ou se a expressão facial das pessoas, quando me ouvem dizer "sou professora". Pior: há aqueles que nos chamam de "sofressores". Pode?

Não me incomodo se não gostam de minha profissão. Me incomodo em não ser valorizada...

Sociedade evoluída é sociedade que valoriza seus professores, peças fundamentais no processo educacional.

"Sofressores" nunca mais!

Rakel Sousa dos Santos
Enviado por Rakel Sousa dos Santos em 11/01/2007
Reeditado em 11/01/2007
Código do texto: T343106