FELIZ ANO NOVO... DE VELHAS PROMESSAS VELHAS
A chance de recomeço está em cada instante da nossa existência, por mais breve que ele seja. Ao amanhecer da festa de réveillon, mais uma vez o Sol nascerá no horizonte, não mais uma vez qualquer, mas sim outra vez tão especial e única como todas as outras. Mas são em datas especiais como a virada do ano que temos mais chance de perceber as possibilidades de mudanças.
Muitas pessoas, em muitas partes do mundo, estarão contagiadas por bons sentimentos gerados pela vontade de recomeçar ou de um novo começo. E quando uma grande vontade conjunta se manifesta, existe uma grande força individual para fazer acontecer. O ano novo é uma data esperada, celebrada e inspiradora; um dia de festa que age no inconsciente coletivo de maneira positiva e repleta de esperança.
Dois mil e doze será um ano eleitoral, quando a esperança de mudança estará associada ao fechamento de outra cronologia: o fim do mandato dos governos municipais de nosso país.
No ano que está para nascer assistiremos a inúmeras propagandas sobre a importância do tal “voto consciente”. O governo e o mercado, através da mídia, virão com um milhão de receitas para não colocarmos corruptos ou incompetentes no poder. O problema é que não se cria consciência política nas massas apenas no ano eleitoral, tal consciência deve ser alimentada todos os dias. Contudo, o que acontece é justamente o contrário: assistimos e assistimos (o segundo no sentido de ajudar) a mídia em pura submissão aos interesses de mercado e do estado neoliberal, que, assim como em um regime ditatorial, não vêm conveniência em uma população crítica e atuante.
Sobre o ano novo, poderia escrever dezenas de poesias, mas sobre as tais eleições, tudo que posso fazer é pontuar algumas mesmices que, sinceramente, não me canso de achar incoerentes: homens e mulheres empoleirados em palanques distribuindo panfletos e soluções mágicas para os problemas da sociedade. Gente pedindo votos, fazendo agrados e um bilhão de promessas. Candidatos se escorando uns nos outros, com interesses apenas em votos, demagogia gerada pelos joguetes entre de partidos e suas coligações.
Ainda tenho mais mesmices que eu não engulo: pessoas abertamente contratadas para defender este ou aquele candidato, gente que tem que se virar para pagar o aluguel e as prestações. Outros vão lutar por alguém que possa lhes garantir alguma vantagem individual na futura administração. Comércios, empresas e instituições vão apoiar candidatos com interesses em futuras vendas, contratações de serviços e investimentos.
Entretanto o que mais me intriga é que todo mundo já sabe de tudo isto, e a grande maioria prefere fingir não saber. É incrível!
Quero salientar, desde já, que este ano a corrupção dos covardes será esquecida e os monumentos de vergonha serão exaltados...
E no meio disto tudo haverá políticos bem intencionados? Quais serão os homens e mulheres que vão lutar por algo maior que a vitória ou a derrota? Alguém ali estará para lutar em nome do povo? As respostas para estas perguntas servem até de pauta para os políticos esculpirem seus discursos.
Infelizmente não tenho uma receita mágica para aproveitarmos todas as chances que passam diante de nós... Tampouco tenho qualquer receita para que vocês votem com consciência. Não ostento a audácia de ensinar; no entanto não nego minha pretensão de levantar dúvidas e reflexões.
Desejo que todos possam celebrar a possibilidades de recomeço ou de novos começos...
---
Artigo publicado antes da virada do ano pela Agencia Mineira de Entretenimento http://www.amecultura.com.br/ e pela Folha Areadense