Percepção
PERCEPÇÃO
Em geral somos todos pouco perceptivos. Vivemos a correr de cá pra lá e de lá pra cá, num triste automatismo, e deixamos passar muitas coisas interessantes ao longo do caminho. Até que um dia, por alguma razão qualquer, percebemos de uma forma diferente a árvore que existe há tanto tempo naquele caminho que fazemos todos os dias. O que terá acontecido?
Às vezes não detectamos o fato que gerou a mudança. Pode ter sido um momento sozinho com a natureza, um sonho, uma frase que se leu num livro, um mergulho profundo através de uma meditação, uma viagem a algum lugar desconhecido. Como isto aconteceu, na verdade, não é assim tão importante.
O interessante é que este fato, seja qual tenha sido ele, fez com que de repente começássemos a olhar tudo à nossa volta e a nós mesmos de uma maneira diferente. Um espaço imenso dentro de nós então se abre e começamos a descobrir uma infinidade de coisas que estavam escondidas numa gaveta fechada lá dentro da gente. Passamos a observar também, com muito mais atenção, os lugares e as pessoas com quem convivemos. É como se tudo de repente se transformasse e passasse a ter um ponto de interesse mais profundo. E é aí que começa um grande aprendizado.
Somos seres únicos, com a capacidade de perceber e selecionar a partir de um ponto de vista muito pessoal neste universo que, além de ser complexo e plural, está em permanente evolução. E é a diversidade no olhar, no pensar e no agir de cada um de nós que vai fazer com que a experiência da vida seja tão enriquecedora.
Quando abrimos as portas da percepção - e do coração - começamos a aprender com cada pessoa que cruza nosso caminho, seja ela uma criança, um jovem, um adulto, um velho, pertencendo não importa a que classe social ou raça. Isto porque ninguém está à nossa frente à toa. Com cada um que cruze nosso caminho poderemos sempre aprender algo de novo, algum ensinamento que nos possibilite ver a mesma coisa por um ponto de vista diferente. Aprender e ensinar, ao mesmo tempo. Porque, assim como somos influenciados pela presença do outro, o contrário também acontece.
Este processo de aprendizado não tem idade para terminar, pois nosso potencial de inovar e transformar nos vai acompanhar até o último dia de nossas vidas. Portanto, a troca de nossos diversos saberes e experiências vai sempre ampliar nosso campo de conhecimento não só do mundo que nos envolve mas também de nós mesmos. E, à medida que melhor nos conhecemos, melhor nos integramos e participamos com mais intensidade nesta instigante experiência que é a vida.
Ecila Huste – Maio/2009