Silk Macabro
Natal se aproximando!
Pequei o especial Vale às 7:15 para a Usina Brucutu – São Gonçalo do Rio Abaixo, rumo ao trabalho.
Ainda dentro da cidade de Barão de Cocais, os ônibus param por alguns minutos numa sede, cumprindo o previamente estabelecido, para que os funcionários da empresa votem rapidamente, assunto de seus interesses.
Assentado confortavelmente numa poltrona alta que dava em cima da roda traseira, no lado oposto ao motorista, olhava dispersamente para fora, aguardando o retorno do pessoal, quando, no passeio, bem abaixo de mim, uma senhora aparentando seus sessenta e poucos anos, conversava com a dona da casa azul anil nº. 458 da rua Alferes Joaquim Xavier. De certo, espantadas com o movimento que, em especial naquele dia, fugia-lhes não só da rotina tranqüila do bairro, como também de seus controles.
Foi aí que, embalado por aquele barulhinho monótono de ponto morto do ônibus, resolvi tecer um paralelo entre a veste simples da vizinha com sua singeleza de ser.
De meias nos pés, entrando pela alça das chinelas de dedo, saia de cor indefinida estampada com algumas flores sem vida, mais parecendo natureza morta, uma blusa bege de mangas compridas e caneladas, aberta na frente, onde deixava mostrar na sua camisa vermelha de gola olímpica uma estampa silkada, que achei no mínimo inusitada: “era uma parede em verde, com três livros abertos, uma porta marron, simulando uma escola, a morte com aquela cara branca sinistra e roupa preta, com um garfo grande nas mãos, olhando para a porta como se aguardasse a saída de alguém.”
Em tinta verde com sombra em preto, estava lá em arco, a frase com os seguintes dizeres, em cima do desenho:
“Não mate aula”
Logo abaixo, em linha reta:
“Mate seu professor”
Pensei: meu Deus do céu; será que é isso mesmo que estou lendo?
Pisquei os olhos, dei de lado com a cabeça como que espantando uma possível tonteira e olhei de novo.
E tive a confirmação.
E olha que o Natal está se aproximando!!!
Reparei bem na dona e vi naquela sua expressão simples, humilde e passiva, marcada pelas rugas do tempo, que não poderia mesmo se dar conta do que ali estava se passando.
Aliás, não só em sua esquina como de resto, em todo o mundo.
Natal se aproximando!
Pequei o especial Vale às 7:15 para a Usina Brucutu – São Gonçalo do Rio Abaixo, rumo ao trabalho.
Ainda dentro da cidade de Barão de Cocais, os ônibus param por alguns minutos numa sede, cumprindo o previamente estabelecido, para que os funcionários da empresa votem rapidamente, assunto de seus interesses.
Assentado confortavelmente numa poltrona alta que dava em cima da roda traseira, no lado oposto ao motorista, olhava dispersamente para fora, aguardando o retorno do pessoal, quando, no passeio, bem abaixo de mim, uma senhora aparentando seus sessenta e poucos anos, conversava com a dona da casa azul anil nº. 458 da rua Alferes Joaquim Xavier. De certo, espantadas com o movimento que, em especial naquele dia, fugia-lhes não só da rotina tranqüila do bairro, como também de seus controles.
Foi aí que, embalado por aquele barulhinho monótono de ponto morto do ônibus, resolvi tecer um paralelo entre a veste simples da vizinha com sua singeleza de ser.
De meias nos pés, entrando pela alça das chinelas de dedo, saia de cor indefinida estampada com algumas flores sem vida, mais parecendo natureza morta, uma blusa bege de mangas compridas e caneladas, aberta na frente, onde deixava mostrar na sua camisa vermelha de gola olímpica uma estampa silkada, que achei no mínimo inusitada: “era uma parede em verde, com três livros abertos, uma porta marron, simulando uma escola, a morte com aquela cara branca sinistra e roupa preta, com um garfo grande nas mãos, olhando para a porta como se aguardasse a saída de alguém.”
Em tinta verde com sombra em preto, estava lá em arco, a frase com os seguintes dizeres, em cima do desenho:
“Não mate aula”
Logo abaixo, em linha reta:
“Mate seu professor”
Pensei: meu Deus do céu; será que é isso mesmo que estou lendo?
Pisquei os olhos, dei de lado com a cabeça como que espantando uma possível tonteira e olhei de novo.
E tive a confirmação.
E olha que o Natal está se aproximando!!!
Reparei bem na dona e vi naquela sua expressão simples, humilde e passiva, marcada pelas rugas do tempo, que não poderia mesmo se dar conta do que ali estava se passando.
Aliás, não só em sua esquina como de resto, em todo o mundo.