Tem Coco

É quase um consenso que crianças vêem anjos.

Basta observá-las por algum tempo, brincando deliciosamente, ou observar um bebê, olhando para algum ponto indistinto além de nós, sorrindo, e muitas vezes, erguendo os braços tentando alcançar ou pedir colo para o invisível.

Eu próprio via os anjos (pelo que me contam, sinceramente não conheço ninguém que tenha memórias da primeira e tenra infância). Talvez seja uma capacidade inata que perdemos com o crescimento/maturidade (não quer dizer que seja a mesma coisa), ou apenas não mereçamos mais vê-los devido a algum(s) ato(s) nosso, mas os relatos sobre eles eram de profetas e ímpios, onde foram então? Desapareceram? Simples mito?

Bem, semana passada eu descobri onde os anjos foram.

Levei minha filha ao parque da cidade, para a chegada do Papai Noel ;-) (não chegamos a vê-lo pois no momento que descíamos do carro sua chegada estava sendo anunciada nos alto-falantes, depois sumiu), e enquanto caminhávamos minha filha disse: “Tem coco”.

Olhei de soslaio, procurei pelas imediações, buscando uma barraca de venda de coco verde, não encontrei nada e perguntei: “Onde tem coco filha?”.

Eis que, para meu espanto e total desconcerto, olho para cima, eu estava ao lado de uma fileira de palmeiras, pelo menos 6 árvores com mais de 10 metros. Neste momento eu descobri o que acontece com os anjos da infância: Eles não vão embora, apenas paramos de olhar para eles (como ver sem olhar?).

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Ao ler este texto minha esposa criticou a forma abrupta de finalizá-lo, total falta de cerimônia, sem conclusão alguma.

Segurei um dia a mais antes de publicá-lo e finalizei assim mesmo, realmente ele se encerra de modo súbito, mas ele não é pensado como uma obra completa, não é uma lauta refeição, está mais para aqueles sequilhinhos que acompanham o pedido em algumas cafeterias, algumas pessoas gostam, outras não, ele apenas esta lá....

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