LIÇÃO DE CASA

Ao completar o primeiro ano de governo a Presidente Dilma quebrou muitos paradigmas. Não apenas o de ser a primeira mulher a presidir a Terra de Santa Cruz, mas também aquela que herdou um governo com o compromisso de continuá-lo, com todos os ônus e bônus que estivessem embutidos nessa proposta.

Quem tem mais de 40 anos lembra-se de um partido que não aceitava coligações, não negociava cargos e nem postos, denunciava a corrupção, pedia a saída de qualquer governante em qualquer nível, exigia estatização de todos os meios de produção etc. Enfim, intitulava-se o guardião da moralidade na administração pública. Hoje, no poder há quase três mandatos o quadro é totalmente outro: A base de apoio no parlamento recebe seu quinhão em cargos e muitas outras benesses. O que funciona de maneira relativamente satisfatória em governos de regime parlamentar, aqui serve apenas para desnudar a natureza humana que é ávida por poder e dinheiro, não importando, muitas vezes, os meios utilizados para obtê-los.

Neste primeiro ano já foram afastados oito ministros herdados do governo Lula. Mais o ministro do turismo que foi nomeado neste governo. Com exceção do senhor Nelson Jobin, todos os outros o não resistiram às denúncias de corrupção. Não custa perguntar: No governo anterior a corrupção destes senhores era acobertada por quem? Será que a Presidente Dilma está querendo impor moral ou é apenas uma tentativa de mostrar luz própria? Ou, o que seria catastrófico, estaria promovendo um rodízio para que mais pessoas ou grupos tivessem acesso ao prato? A oposição acha que há mais pessoas sem condições de continuarem como ministros. Muitos eleitores também.

Passados quase dez anos depois que o PT subiu ao poder, a oposição não se organizou como tal. Não mobilizou estudantes nem trabalhadores (que continuam fazendo greves contra seu próprio governo), não se infiltrou em associações de classe. Seus protestos contra mentiras e escândalos são isolados. Sem o aparato da mídia, que o PT no governo manipula com maestria, os gritos dos opositores ficam limitados à imprensa oficial.

Nunca antes neste país, a não ser em uma reforma anunciada, houve tanta troca de ministros num único ano. Poderíamos justificar que “nunca antes na história” houve tantos ministros no governo brasileiro, porém Jamais podemos passar a mão na cabeça de corruptos, sejam eles promotores ou assistentes.

Para aqueles que acompanhavam a oposição da época e acreditavam em uma grande moralização no governo, quando o povo chegasse ao poder, ficou com a frustrante constatação de que apenas mudaram os agressores com suas luvas de boxe, mas as caras continuam as mesmas.

É compreensível que senhores como Sarney e Collor queiram ficar próximos ao governo para alimentar sua rede de apaniguados. O que nos deixa tristes é ver a fraqueza do governo que não consegue dispensá-los.

Apesar dos pesares, Dilma atravessou a prova dos nove vezes fora fortalecida. Resta saber as outras provas que virão e se, para 2012, o sonho do brasileiro de ver o governo mais moral se concretize.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 08/12/2011
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