O Delegado Poeta
A imprensa noticiou um caso curioso em agosto de 2011: um delegado fez o relatório de um crime em forma de poesia. Sua atitude gerou uma grande polêmica. De um lado, pessoas concordavam com a idéia de que a poesia deve fazer parte do cotidiano, independente da profissão, religião, ou qualquer outro segmento. Por outro lado, pessoas ponderavam que em se tratando de criminalidade e justiça, os fatos precisam sem tratados de forma objetiva.
Vejamos um trecho dessa reportagem:
O delegado de Brasília Reinaldo Lobo optou pela poesia para registrar um crime de receptação ocorrido dia 26 de julho. A inovação não satisfez a Corregedoria da Polícia, que devolveu o texto ao autor, pedindo termos mais tradicionais.
“A idéia era mostrar que o delegado trabalha próximo de pessoas e carrega sentimentos”, disse Lobo. “Achei que era um texto adequado até porque não existe nenhuma norma que me impeça de escrever como escrevi.”
O delegado usou versos para informar que o detido na região de Riacho Fundo, a cerca de 20 km de Brasília, tinha ficha corrida e estava com uma moto roubada. “Todas as informações que eram necessárias estavam lá. A contestação é só sobre o formato’, afirmou.
“Queria chamar a atenção para a violência na nossa região. As pessoas estão acostumadas com um formato de texto para relatar crimes e isso é só uma questão de hábito. Não discutiram o mérito e o mérito é que não fiz nada de errado no texto”, alegou Lobo.
Foi a primeira vez que o delegado escreveu um relatório em forma de poesia. “Se me impedirem de fazer outro o que posso fazer?”, lamentou.
Fonte: http://notícias.uol.co.br/cotidiano/2011/8/3/delegado-faz-relatorio-de-crime-em-forma-poesia-e-e-repreendido-veja -integra.jhtm. Acesso: 3/8/2011. .Adaptado
Eis o poema do delegado:
Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo
O plantão estava tranqüilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar
Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado
Procura pela autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade
Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição
A autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação
O preso pede desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa
Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante
Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população
A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada
Já hoje aqui esteve pra testemunhar
A vítima, meu quase xará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho
As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar
Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela paz ou contra qualquer covardia
Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão
Fonte: http://notícias.uol.co.br/cotidiano/2011/8/3/delegado-faz-relatorio-de-crime-em-forma-poesia-e-e-repreendido-veja -integra.jhtm. Acesso: 3/8/2011. .Adaptado
Minha opinião:
Compreendo a boa intenção do delegado que simplesmente quis transformar algo do cotidiano do seu trabalho estressante em uma situação mais lúdica sem deixar de cumprir suas obrigações.
Mas penso eu que o delegado está debaixo de um regimento e existem regras para o cumprimento de suas funções. O relatório deveria ser refeito dentro dos padrões da corregedoria e com seriedade.
Admiro a visão desse moço, mas acho que ele poderia usar outros espaços para divulgar seus dons como poeta, trabalhador e cidadão em jornais, sites de poemas ou outras mídias disponíveis.
Gosto da mensagem de esperança de transformação que o texto transmite fazendo uma junção entre o seu lado profissional e poeta nas horas vagas.
Fábio Brandão Caldeira
P.s: Se alguém conhece este delegado convide ele para fazer parte do “Recanto das Letras”, pelo poema que eu li talento e criatividade não faltam a ele.
Interação de Henrique Eduardo
Meu amigo e irmão
grande poeta FÁBIO BRANDÃO
um comentário o fato roga
faltam os nomes do receptador
do proprietário, só tem o do delegador doutor
tem razão o nosso amigo Queiroga !
Não é muito comum
não é realmente legal ?
É melhor, sem problema algum
lavrar o flagrante da forma normal !
Interação de Nasser Queiroga
Poetisar o crime
eu aqui.. Concordo não!
na poesia não fala
nome da vítima
nem do ladrão
como poema ficou bom
não como ata de atuação!