27º Bienal de São Paulo - Uma reunião da produção contemporânea Mundial.

27º Bienal de São Paulo

Uma reunião da produção contemporânea mundial

Num mundo cada vez mais veloz, globalizado, individualista e distante do que já foi, como viver junto?

Esta é ao meu ver, a indagação mais apropriada para dias atuais, justamente pela complexidade que passou a ter o “conviver” e este foi o tema da 27º Bienal de São Paulo que ocorreu no Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapuera.

Expressão, habitat, tolerância, modos, moldes e maneiras de convivência humana, olhares diversos no tema da bienal de arte que esteve de portas abertas ao publico do dia 07 de Outubro à 16 de Dezembro e propôs observações no nosso cotidiano sob base no livro de mesmo tema (Como viver junto) de Roland Barthes.

Mas vamos analisar sob a ótica paralela dos acostumados olhares artísticos: Será que o publico recebe de maneira satisfatória as obras lá expostas? E mais, Como andam as formas de aceitações de novos formatos artísticos? É importante, para o publico de um modo geral, um esclarecimento de contexto histórico para em seguida contempla-las permitindo a interpretação pessoal enquanto espectador.

A palavra contemporâneo significa: “acontece ao mesmo tempo que” ou seja, estas produções são de nossa atualidade, o qual é um movimento de arte que ainda não tem nome definido, por isso, desde a década de 50, chama-se as produções artísticas de contemporâneas. Alguns teóricos da Arte já chegaram a intitular nosso período de “Modernidade Liquida” ou até “Neo-Barroco” mas evidentemente não foi configurado nenhum dos dois nomes de maneira efetiva.

Para que possamos entender melhor a indagação que muitos espectadores se fazem ao entrar numa exposição de arte “Mas isso é arte?” é preciso que voltemos um pouco no tempo.

Antes do Contemporâneo tivemos o Moderno, (O Modernismo no Brasil surgiu com a Semana de 22 em São Paulo com um Grupo de artistas preocupados em realizar obras genuínas) tendo com símbolo o operário (fábrica-produto) encontrado nas cidades, a noção de CONSTRUIR (pensamento utópico e construtivo: construir o mundo do jeito que queremos...) era o objetivo principal de todos os setores da sociedade além do mais a modernidade esteve infinitamente ligada com a Industrialização. Tivemos na modernidade uma busca pela representação daquele momento através dos quadros, da pintura, propriamente dita, porém da década de 50 pra cá, esta já não é mais a arte que nos representa, diria não a mais forte, porém não se trata da morte da pintura, não é isto que tento explicar, o que procuro deixar claro é que temos novas maneiras de expressão, como as instalações e os objetos de arte dentre tantas outras, pois o mundo mudou, a arte também. Vejamos.

Neste período “Moderno” duas grandes guerras aconteceram, a primeira guerra mundial o foco foi destruir o individuo e roubar suas áreas, na segunda guerra mundial a destruição foi ainda maior, só para termos uma noção de como as mudanças foram significativas, em âmbito mais globalizado, após a segunda guerra mundial o centro das artes deixa de ser a Europa para tranferir-se para Nova Iorque o que já aponta um divisor de águas.

Nesse período inaugura-se uma nova visão, a noção de fabrica entra em declínio, paradoxalmente os produtos aumentam, isso fica claro de explicar, são os constantes avanços tecnológicos que começaram a surgir, neste período também surge a Televisão, a Bienal também nasce nesta década.

Chegamos no século XXI com a tecnologia presente em 100% de nosso dia a dia, hoje muitos de nossos afazeres se resumem num click com ao advento da internet. Hoje há um intermédio entre nós e a realidade, esse intermédio é a mídia de forma geral. Estamos redefinindo as noções de espaço e tempo.

A arte não é algo fora dos afazeres do mundo, ela está ligada aos seus meios e seus criadores, isso explicita as novas tendências da arte.

Por essas e outras que reforço, o tema da Bienal deste ano “Como Viver Junto” é importantíssimo para debatermos com nossos alunos, pois ninguém melhor que os jovens para saberem que se conversa, se diverte, faz transações bancárias e até se namora pela internet, portanto, num mundo individual e contraditório onde temos acesso ao mundo de nosso quatro, como lidar com os mecanismos de convivência. Você leitor pode pensar: Mas eu tenho que saber de tudo isso de história para poder entender obras contemporâneas? Claro que não! Basta que não vá visitar uma exposição contemporânea com pré-conceito no olhar, onde julgue um objeto pela sua função fora do pavilhão de exposição e deixe de buscar canais para entendimento pessoal da poética a qual está inserido.

O conceito de Arte se alargou!

Portanto não adianta visitar exposições de arte contemporânea achando que irá se deparar com a MONALISA de Leonardo da Vinci ou algo parecido, pois esta arte apesar de bela e de extrema importância para a história da arte, tem sua genialidade e representatividade pelo período que foi realizado. Já não mais precisamos de um realismo em nossas produções, por que isso a fotografia faz com perfeição, mas sim estão as obras atuais para indagar temas sociais, regionais ou simplesmente para comunicar algo expressivo, o que de fato só será lido pelos olhos de cada um que o vê, uma vez que toda obra de arte é subjetiva.

A Arte Contemporânea não possui um a única verdade e sim muitas, esta multiplicidade deve ser explorada.

Professor Tiago Ortaet

05/10/2006