Natal 2 - A concepção do Divino
Viajamos pelos vales da ficção científica para visualizar como aconteceu a criação de todas as coisas. Podemos colocar até um fundo musical, enxertar efeitos especiais que por mais grandiosos fossem, apenas pouco se aproximaria da realidade. Só Deus mesmo seria e foi capaz de contemplar tamanha obra. Assim como na época em que o povo de Israel pediu a Moisés para ver Deus e depois quando Deus se manifestou, o povo pediu a Moisés que Deus se retirasse, pois, ao contrário, eles morreriam, da mesma forma, creio, não seríamos capazes de contemplar esta evolução do caos quando do “bum!” surgimento de tudo, do nada, o qual na ausência de tudo, o Todo fez da sua essência incriada o aparecimento de tudo que há.
Quando o Verbo enfim decidiu vir para o mundo não mais em sua essência puramente espiritual e divina, mas quis se sujeitar a ser como suas semelhantes criaturas as quais estavam cada vez mais distante de Si, Ele poderia ter pensando assim: “como foi bom tudo que criei. Toda a beleza se manifestou naquele momento. Devo então, para voltar ao mundo, realizar uma grande aparição, tão maravilhosa quanto fôra no início dos tempos. Me manifestarei de forma esplendorosa, todo o universo parará ante este momento surpreendente e fantástico; serei o Deus-Rei de todos os homens e nada nem ninguém poderá duvidar mais da minha existência e da minha presença na vida da humanidade, no coração de cada homem e que todas as coisas estão em Mim”. Não seria muito para o Criador ter querido vir numa carruagem de fogo, muito maior e mais bela do que aquela a qual conduziu o profeta Elias para o Céu; Ele poderia ter abalado todas as estruturas do cosmos, removido as galáxias, mexido e remexidos na ordem universal e nas leis da natureza mantidas perante sua vontade. Enquanto Deus quereria tanto... Mas como Deus, tudo foi diferente.
A obra divina da criação, não se compara a fecundação de um único óvulo humano, não é possível equiparar tais fatos extraordinariamente distintos e espetaculares. A semelhança é evidente na medida em que existe a capacidade de observarmos o formato geométrico de um mundo e de um óvulo, além da realidade da qual a ciência entende que a criação de novos mundos se realiza pela expulsão de massa por meio de uma fenda espacial. A vida também nasce de uma abertura no corpo de uma criatura que muito passara a ser amada por Deus desde que nela soprara o dom da vida, devido ao seu dote em também gerar a vida. Ser amado por Deus traz uma gama de responsabilidades e desse amor advém um sem-número de porções “graciais” (de graças divinas) outrora capazes de fornecer vida, dar à vida a conformidade com a morte, fazendo da compreensão sobre ela (morte) um presente divino, motivo principal e sine qua non para o encontro definitivo com Deus.
Na inequívoca impossibilidade de reconstruir em pouco tempo tudo aquilo que Ele havia concretizado, e sem destruir o que já era real, Deus providencia condensar a universalidade da existência em um único ato humano retirado de Sua poderosíssima essência. Deus tinha que entrar em quem já estava dentro dele. Penetrando na mulher que antes n’Ele estava contido, o Espírito Santo dar começo ao grandioso Mistério do Filho de Deus no mundo dos homens.