Vó Benvinda 

Desde a antiguidade benzedeiras e benzedores são associados à práticas mágico-religiosas, à manipulação das ervas e chás, aos saberes da natureza.
Muito foi desmistificado, muito tem sido comprovado, muito ainda temos por descobrir. O que é certo é que seus dons transmitiram-nos muito ao longo do tempo, práticas de cura que misturavam conhecimentos naturais e fé.
Estas pessoas ainda estão presentes de forma significativa em muitas regiões do Brasil e também em nossas memórias. Gostaria de registrar um pouco sua trajetória de vida por meio de algumas lembranças e assim valorizar de algum modo a cultura popular, porque acho que é uma forma de preservar seus conhecimentos e grande parte deles está alicerçados na oralidade de suas rezas, saberes estes ameaçados pelo esquecimento.
Sou descendente de benzedores e benzedeiras. Vez ou outra vou postar um texto sobre o assunto. Me lembro de Vó Benvinda, avó paterna benzendo assim:

PARA CURAR COBREIRO:

Pegar um ramo de arruda molhado em água benta.
Circular o ramo onde estiver o cobreiro e dizer as palavras por três vezes seguidas:
—Cobreiro bravo o que corta?
—Corta a cabeça, o meio e rabo.
—São José perguntou a Santa Maria
—Cobreiro bravo com que curaria
—Com três ramos molhados na fonte.
—Um Pai Nosso e uma Ave Maria

Depois a Vó pegava o ramo, cortava em três pedaços, embrulhava num pano branco e pendurava para secar acima do fogão ou ao sol. Em três dias a pessoa ficava curada.

Nota: Cobreiro é denominação popular do herpes-zoster ou zona-zoster, doença de pele que o povo atribui ao contato de cobra.
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 28/11/2011
Reeditado em 26/01/2013
Código do texto: T3361396
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