Em nome do Pai e da urna-E, amém!
Para os “inocentes” fervorosos crentes na ”lisura” das urnas eletrônicas facilmente manipuláveis (hackers espertos invadem até computadores da NASA), eis um texto para iniciar reflexões do que pode ter ocorrido em outras regiões do país fora do foco da mídia mais aguçada. Quem duvida de que os longos braços da corrupção não fazem cócegas nas mãos de algumas “autoridades” com dinheiro de procedência duvidosa? É como diz o antigo ditado: “Debaixo deste angu tem muito caroço”. Haroldo.
Mais sobre o Caso Alagoas (out/2006)
O Segredo Administrativo dos Registros Digitais dos Votos.
Diante dos problemas apontados pelo Relatório Brunazo/Machado/Cortiz
(que ficou pronto em 16/10) e do Relatório Fernandes-ITA (que ficou
pronto em 12/12) que relatam a mau funcionamento de uma parte das
urnas-e em Alagoas, comprovado pelos arquivos de controle de eventos
(LOG) gerados sem integridade, surge naturalmente a questão se os
arquivos de resultados destas urnas também não estariam corrompidos.
O Relatório STI-TSE, feito pera Secretaria de Informática do TSE (e que
ficou pronto no final de novembro), nega que o resultado da apuração
tenha sido afetado pelos problemas de mau funcionamento dos programas
nas urnas, mas não baseou esta conclusão em nenhuma análise objetiva de
dados. Apenas reconheceram que havia perda de integridade dos arquivos
de LOG e, mesmo sem analisar nenhum arquivo de resultado, afirmam que
estes não teriam sido afetados.
Um dos arquivos de resultados que a urna gera é justamente o arquivo com
os Registros Digitais dos Votos (RDV), ou seja, o arquivo dos votos
virtuais que foram criados para substituir o voto impresso como forma de
dar "total transparência ao processo eleitoral".
Então foram apresentados dois pedidos ao TRE-AL, um pela coligação do
deputado João Lira e outro pelo PDT, para que fossem fornecido os arquivos
dos RDV para se verificar se estavam íntegros ou corrompidos.
Em 30/11 o corregedor do TRE-AL decidiu mandar entregar cópias dos
arquivos aos pleiteantes. Mas aí aconteceu algo tremendamente
significativo.
A Diretoria Geral do TSE e a Secretaria de Informática do TSE, que detêm
a chave de criptografia para abrir os arquivos, se recusaram a cumprir a
ordem do corregedor de Alagoas e, em ofício de 05/12 com argumentos
estritamente jurídicos, passaram a impedir ativamente que se possa
verificar se estão íntegros os arquivos de RDV de Alagoas.
O desespero para esconder o problema parece estar grande lá dentro da
Diretoria Geral (DG) e da Secretaria de Informática (STI) do TSE. Um
processo que o PDT deu entrada no TSE em 07/12, que peticiona os
arquivos de RDV, não foi nem mesmo distribuído para um juiz relator. É
isso, a Diretoria Geral reteve o pedido e não deixa que nem mesmo receba
um número de processo e passe a existir oficialmente para ser enviado a
um juiz relator.
Este tipo de atitude, desesperada por certo, é administrativamente
ilegal. Impede o trâmite de petições legítimas por meio de decisões
administrativas que inclusive escondem dos juizes até a existência dos
pedidos a eles encaminhados. Para quem consultar o site do TSE, estas
duas petições parecem não terem sido apresentadas.
Com esta manobra de "segredo administrativo" (segredo até para os juizes
do TSE que nem sabem que a petição existe), o DG/STI do TSE conseguiu
protelar o pedido até o início do recesso do TSE e agora só em fevereiro
o PDT poderá voltar a tentar alguma medida legal para fazer sua petição
tramitar regularmente.
Esta é a tal transparência eleitoral que eles tanto apregoam. Só existe
até o momento em que se pede para olhar onde estão os podres. Aí tudo
vira segredo e protelação.
Como o advogado contratado pelo deputado João Lira é o Fernando Neves, que
já foi ministro do TSE e foi o relator da resolução TSE 21.744 que
regulamentava a entrega dos RDV aos interessados, há uma esperança de
que esta barreira de obscurantismo administrativo do TSE venha a ser
rompida.
Mas ainda deve demorar um bom tempo antes que o administrador eleitoral
permita que a integridade dos resultados das urnas de Alagoas possa ser
analisada por gente de fora de seu controle.
[ ]s
Eng. Amilcar Brunazo Filho - Santos, SP – Coordenador do fórun do Voto-E.
Dez/2006