Espiritualidade é uma palavra ambígua. Até parece termo negativo porque muitas vezes é compreendido em um sentido muito restrito: religioso ou espiritualista.
Espiritualidade não é espiritualismo. Algo desligado do real dividindo o material e o espiritual de forma que o espiritual seria simplesmente cuidar do espírito. Espiritualidade é algo mais amplo e não divide corpo e alma, matéria e espírito. A espiritualidade abraça uma forma de viver na qual é importante tanto o cuidado com o interior da pessoa, quando o compromisso de dar uma alma à sociedade (politicamente, culturalmente, socialmente).
Espiritualidade não é intimismo. Não tem nada a ver com nenhum tipo de intimismo ou exacerbação do individualismo. A comunidade e as relações sociais fazem parte da espiritualidade.
Espiritualidade não é legalismo, nem moralismo. É um caminho de amor e, portanto, se faz de graça e pela graça, ao contrário de um caminho de leis e deveres morais. A Ética é uma dimensão fundamental da espiritualidade, a Sensualidade também, mas não como causa ou princípio da Espiritualidade, mas como conseqüência e expressão. A espiritualidade é caminho de amor, muito mais do que lei e moral.
A espiritualidade é viver e compreender a vida a partir da amorosidade, evolução para a comunhão e para a integração com o diferente.
A espiritualidade toca o afetivo que nos ensina a ser pessoas amorosas e exige de nós um amadurecimento permanente.
Sendo assim, ser espiritual implica em ser profundamente humano, aberto a ser permanentemente convertido ao processo de divinização que só se dá através do outro.