A Pátria, O Patriotismo, O Patriota...

Canção do Exílio

“Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá."

Gonçalves Dias

Certo dia, uma amiga sugeriu que eu fizesse uma redação falando de patriotismo e indicou-me esta beleza de poema chamada “Canção do Exílio” do grande mestre e poeta “Gonçalves Dias”. O segundo passo foi pesquisar o significado dessa palavra e o site Wikipédia define dessa forma: Patriotismo é o sentimento de amor e devoção à pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino, brasão). Através de atitudes de devoção para com a sua pátria, pode-se identificar um patriota. O Dicionário Aurélio fez sua definição de maneira mais incisiva: Patriotismo ; S.M: Amor á pátria. Mas de que outras maneiras também podemos enxergar o patriotismo? O que poderíamos também entender o que é está distante de sua pátria? A frase de duas linhas que completa esta primeira estrofe desse poema “Canção do Exílio” “As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá.” Pode nos dizer de alguma forma que assim como aquela gente estrangeira não fala a nossa língua, aquelas aves também não são como as nossas aves e não conseguem despertar no coração do patriota a paz e equilibrio de alma que o gorjeio de nossas aves pode despertar...

Voltando as duas perguntas a acima: Mas de que outras maneiras também podemos enxergar o patriotismo? Além do amor e devoção a pátria,aos seus símbolos (bandeira,hino,brasão) definidos pelo Wikipédia e o amor a pátria pelo dicionário aurélio, poderia também ser caracterizado de patriotismo o amor a sua gente ,a sua origem,sua forma de se expressar culturalmente,idioma,sotaque de cada região,mostrando que nosso povo tem sua própria personalidade e não precisa de buscar referências externas para o desenvolvimento de sua criatividade.

O que poderíamos também entender o que é está distante de sua pátria? Antes de desenvolvermos este reciocinio vamos a leitura do Salmo 137:

1 – Ás margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos,lembrando-nos de Sião.

2 – Nos salgueiros que lá havia,pendurávamos as nossas harpas,

3 – pois aqueles que nos levavam cativos nos pediam canções , e os nossos opressores,que fossêmos alegres,dizendo: Entoai-nos alguns dos cânticos de Sião.

4 – Como , porém, haveriámos de entoar o canto do Senhor em terra estranha?

5 – Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque minha mão direita.

6 – Apegue-se me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti,se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria.

7 – Contra os filhos de Edom, lembra-te, Senhor, do dia de Jerusalém,pois diziam: Arrasai,arrasai-a, até os fundamentos.

8 – Filha de Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste.

9 – Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.

Os israelitas estavam distantes de sua terra e se encontravam cativos dos babilônios. Em meio a dor da saudade e a tristeza de estarem ausentes do lugar de suas origens eles ainda eram forçados a expressar uma alegria que não tinham condições de ter naquele momento. Os babilônios queriam que eles tocassem os seus cânticos regionais para distraí-los. Mas como eles poderiam cantar e dançar para um povo que só traziam a eles opressão e os privavam de está junto dos seus conterrâneos e vivendo em sua amada pátria?

Por outro lado, o verdadiero patriota pode até sair de sua pátria,mas a sua pátria jamais sai de dentro dele. Existem aqueles que estão fisicamente dentro de sua pátria e inseridos entre sua população,mas é como se não estivessem,pois usam de má fé para ludibriar,criar intrigas, provocar grandes tragédias gerando cada vez mais violência e fazendo derramar sangue de inocentes no meio de sua própria gente. Estes realmente desconhecem o significado de patriotismo e o valor que se tem em está em sua casa, em seu lar ... (a nação pode ser vista como a casa da gente)... “Não existe lugar como o nosso lar”, já dizia a menina Doroty de “O Mágico de Oz”, para o patriota este lugar é tão especial que não tem como não fazer parte dele e não está impregnado em sua alma. O patriota reconhece os problemas de seu país,mas nem por isto usa de zombaria e sarcasmo para menosprezar o lugar em que foi concebido.

Em um trecho de um soneto que criei ano passado e postei no site recanto das letras em 08/10/10, faço uma analogia entre Ary Barroso e Cazuza e a visão de Brasil que tinham os dois grandes poetas e compositores. O título do poema é: “Ser Otimista,Não é Ser Alienado” e o trecho ao qual me refiro e este:

Ser otimista não é ser alienado,

É entender que nem tudo está acabado,

É preferir um Brasil de um Ary Barroso apaixonado,

E rejeitar um Brasil de um Cazuza triste e debochado.

(Fábio Brandão, Recanto das Letras,08/10/10,texto na íntegra)

Ou seja o patriota prefere:

“Oi estas fontes murmurantes

Oi onde eu mato a minha sede

E onde a lua vem brincar

O esse Brasil lindo e trigueiro

É o meu Brasil brasileiro

Terra de samba e pandeiro

Brasil!Brasil!

Pra mim, pra mim...”

(Ary Barroso)

O patriota não consegue se depreciar dessa forma:

“A pagar sem ver

Toda essa droga

Que já vem malhada

Antes de eu nascer...”

(Cazuza/ Nilo Romero / George Israel)

O fato de amar seu povo, sua história não nos tira é claro nossa capacidade de nos indignar, recentemente postei no “Recanto das Letras” um haicai sobre a queda do ministro dos esportes Orlando Silva demonstrando minha insatisfação e decepção com os rumos políticos de nosso país e de um governo que ajudei eleger e apostei todas as fichas. Não precisa demonstrar indignação a um sistema com indignidade e falta de respeito como fez o cantor e compositor Cazuza (que volto a repetir que achava ele um grande poeta e compositor) que em 18 de outubro de 1988 cuspiu na bandeira nacional durante uma apresentação na casa de shows Canecão no Rio de Janeiro. O artista se mostrava revoltado com a situação que o país atravessava no final dos anos 80 como a alta inflação de 900% (a maior do mundo), assassinato de Chico Mendes, crises políticas no país que já eram bem comuns naquele tempo... Ao ser interrogado pela imprensa o artista disse: “Cuspi sim, e cuspiria de novo”. O título da matéria que encontrei para ilustrar este texto dizia assim: “Antipatriotismo, Rebeldia ou Protesto? Que cada um forme sua própria opinião dentro do que foi apresentado até aqui...

Se ufanismo em excesso é ruim, para o patriota ele continua sendo bem melhor que antipatriotismo. Apontar as nossas próprias feridas e achar que os outros também não as têm não seria certo masoquismo de nossa parte? No passado de nossa história houve exploração e matança de índios, mas lá fora também houve tudo isto, e lá os assassinos viraram mocinhos de Hollywood e faturaram milhões.

Então não seria este o momento de repensarmos nossos valores cristãos, familiares, éticos, morais e é claro patriótico?

Temos encontrado cada vez menos pessoas que exerçam princípios básicos de cidadania e depois reclamam dos administradores de nosso país, seria correto faltar com a ética argumentando o fato de que quase não temos bons exemplos de líderes políticos? Ou dizermos que o exemplo tem que vir de cima? Digo a vocês que a maioria de nós exercemos alguma forma de liderança como pais de família, em nosso trabalho, somos formadores de opinião quando temos um espaço como este para a divulgação de nossos textos...

Portanto, fica aqui esta modesta reflexão a respeito desses valores cívicos que possamos analisar com bastante atenção e tentar de nossa parte fazer com que a pátria em que vivemos venha a ser uma nação mais justa para todos. Melhorando nossa casa que é o nosso país estaremos contribuindo para a melhora do mundo inteiro...

Fim

Interação de Nasser Queiroga

Hoje, estou a pensar...

no que deixei de bom por lá.

É tanta coisa boaque nem sei o que falar.

O sol, o céu, a terra, o mar.

Ó! Brasil!Às vezes aperta o peito que da vontade de gritar.

Dizer que nunca te esqueçoe que sempre vou te amar.

Ah! Se pudesse, eu voltavaAh!

Se pudesse voar, partir daqui agora,

nem pra traz queria olhar.

Matava esta saudade para esta vontade que eu tenho de chorar.

Interação de Maria Jose

BRASIL!

Patria amada idolatrada

o teu povo está gritando

e chorando envergonhado

pois no governo estão roubando

e nos deixando, ainda mais espoliados!

O grito dos que não tem vez neste programa governamental,

ainda é maioria, graças a Deus!

Interação de José Cláudio Cacá

Está se tornando difícil falar em identidade nacional. Já passamos por tanta aculturação e massificação que considera-se coisa exótica tudo que seja genuinamente brasileiro. Veja bem:Produto importado sempre foi considerado melhor que o nacionalPrograma televisivo americano sempre foi considerado melhor (senão não copiavam tanto)Filme estrangeiro sempre foi considerado melhorDia das bruxas sempre teve mais valor do que o folclore nacionalDia da bandeira quase ninguém tá nem aíDia do índio é considerado quase um favorIndependência é um feriado como outro qualquerDia do professor: ah, quanta saudade da louvação de significados que havia aos mestres!Quem se lembra da Gurgel, única fábrica de carros 100% brasileira?Nas ruas, pouco a pouco as camisas dos times Milan, Barcelona, Chelsea, Internacionale e outros vão tomando o lugar dos times brasileiros.

O recenseador do IBGE que esteve em minha casa me disse que a esmagadora maioria das pessoas por onde passou não se declara negra, a despeito das evidências.Guaraná é uma planta nativa do Brasil e o refrigerante nem de longe é privilegiado como a Coca cola. Confesso que é difícil concorrer, mas não custa privilegiar o nosso tão bom guaraná.Qual dos hinos a gente sabe a letra?- De nossa cidade- Do nosso estado- Da bandeira- Da independência- Do hino nacional Em minha opinião, um país só se torna uma grande nação se tiver, além da famigerada economia forte, valores que as pessoas se orgulhem deles. Não sou xenófobo nem nacionalista, mas essa tão propalada globalização se resume a aspectos econômicos. Basta tentar entrar num país qualquer como se estivesse andando nas ruas do Brasil, mesmo sendo a pessoa bem intencionada ou turista. Integração é uma coisa, dominação é outra muito diferente - e nefasta.

Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 15/11/2011
Reeditado em 18/11/2011
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