Não olhe para trás

NÃO OLHE PARA TRÁS...

Nos cursos de Administração, bem como nos treinamentos das áreas de Recursos Humanos, junto com a figura do gerente ineficaz, é criticada também a figura do “saudosista”, aquele que sempre recorda coisas do passado, sem prestar atenção nas riquezas que estão colocadas a frente, no futuro. Na vida, as pessoas sofrem porque ficam presas ao passado, criam traumas, mágoas e ressentimentos, formando um conjunto negativo de percepções que as tornam infelizes, frustradas e incapazes de desenvolver tipos salutares de relacionamento.

Para o saudosista o melhor ocorreu ontem, e o amanhã nada tem a oferecer de bom. Uma pessoa presa aos problemas (ou mesmo à felicidade) do passado, nunca terá capacidade de desfrutar das coisas boas do presente e, muito menos, de organizar seu futuro em termos de realizações e construções de uma vida sólida e psicologicamente equilibrada. A estrutura da vida está em dosar o ontem, com o hoje em função de um depois.

Dá pena enxergar pessoas que só lembram coisas do passado, como se os maiores valores da vida se tivessem esgotado por lá. Presas às lembranças pretéritas, tais pessoas deixam de perceber a riqueza do dia de hoje que, por dádiva, se chama presente. O presente nos traz a certeza de que haverá um amanhã. O que ficou para trás não volta. É preciso construir o amanhã em cima das riquezas do hoje. É hoje que estamos vivos, com capacidade de viver, de desejar, de ambicionar, de sentir e de construir alguma coisa. No entanto, há uma sabedoria no olhar para trás, em busca de algumas lições, pois a experiência de vida começa a partir daquilo que a gente ou outras pessoas construíram no passado.

O filósofo Soren Kierkegaard († 1865) disse com muita propriedade que “a vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente”. Que não se diga que o simples olhar para trás é um mal. Não! O erro está em viver preso ao passado, de forma doentia e covarde, sem coragem de viver o hoje nem tampouco encarar o amanhã. Muitos vivem a lamentar a vida que passou. Ou foi o marido que morreu, a mulher que fugiu, o emprego que perdeu, o carro que roubaram, a antiga casa onde morou, amigos que foram embora, etc. As coisas que passaram não voltam mais, e criar uma idéia fixa pensando nelas só faz mal, estressa, envelhece e atrai doenças.

A verdade é que olhar para trás com saudade ou com um mórbido pesar não resolve nada, uma vez que o que passou não volta. Esta é uma lei, natural e inexorável da vida humana.