LULA: O ACASO, A POESIA E O CANCER.

Superei a fase de possuir idolos. Ao entrar na maturidade desmistifiquei o sagrado e passei a ver a humanidade como um fator além da simples semelhança: agora percebo que somos todos iguais.

Assim abandonei a queima de incensos e pude admiar as idiossincrasias alheias ... E o anúncio da doença de Lula, de repente, me trouxe a memória os pensamentos de Edgar Morin e a poesia de Drummond juntas, como irmãs siamesas.

No fundo , a vida é um embate lingüístico entre a ciência e a poesia. Duas expressões diferentes tentando difundir a mesma mensagem: a consciência estrelar é ainda a um passo adiante.

Edgar Morin nos fala da necessidade de aceitarmos os caprichos do acaso. A natureza apesar de seguir regras precisas, às vezes, se contradiz criando situações inusitadas até para quem acredita na racionalidade como liberdade.

Drummond, em seu poema mais famoso, fala do acaso com a simplicidade das crinaças: no meio do caminho tinha uma pedra.

Lula tinha lá seus planos e não os escondeu de ninguém: o PT, sob sua imagem de líder popular ficaria no poder por pelo menos mais 11 anos – três que ainda restam a Dilma e mais oito dele mesmo.

Porém, surgiu o acaso, a pedra no meio do caminho, o câncer...

E por mais que os médicos tentem atenuar o impacto da palavra CÂNCER , ela ainda chega aos nossos ouvidos com um toque aterrador de réquiem.

E agora Lula?

As vezes a vida precisa adoecer para que possamos dar valor ao que é verdadeiro...Fingir que não sabe de nada tem lá seu preço...

Onde estão os genuínos, os pallocis, os dirceus, os ricardos valérios, os sarneis, e tantos outros a quem Lula, se auto-considerando Deus fez escapar da justiça?

O acaso, a pedra e o câncer farão com que Lula deixe de ser O CARA para se tornar um exemplo de Caráter