LEITURA E LITERATURA
LEITURA E LITERATURA
Afirmam os estudiosos, que o brasileiro não gosta, ou não possui o hábito da leitura. Sabemos muito bem que a literatura é a arte que utiliza a palavra como matéria prima, assim como outras artes. A pintura usa a tinta e a modelagem usa a argila. Os educadores devem desenvolver na criança o gosto pela literatura, pois sendo a literatura infantil um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento das potencias da alma, ela poderá trabalhar, ao mesmo tempo com o intelecto, com a vontade e o sentimento. Assim como o escritor trabalha a palavra, colocando ao dispor de seu pensamento, visa com exclusividade atingir uma finalidade precípua. A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba, é arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele. O grande Monteiro Lobato deixou muitas obras para o leitor infantil, homem de uma sensibilidade muito grande, admirava muito o público infantil. Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô.
Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor. Intelectual do século passado ficou famoso pela sua obra “Jeca Tatu”. Escreveu obras que ainda hoje são ícones na mídia televisiva brasileira, como: a Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho. Um fato muito importante marcou a vida desse fabuloso escritor. Além dos livros infantis escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras. No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura. Muitos profissionais os chamavam de o “Cidadão Escritor”. Existem ainda literaturas específicas, com diversas e diferentes finalidades, como a filosófica, a cientifica, a infantil e a didática. Nas entrelinhas citamos Jeca Tatu, o seu criador engajou-se em campanhas por saúde, defesa do meio-ambiente, reforma agrária e petróleo, entre outros temas que continuam atuais. Ele arrebatava o público com artigos instigantes, que hoje, vistos de longe, constituem um precioso retrato de época, um painel socioeconômico, político e cultural do período. “Dono de estilo conciso e vigoroso, com forte dose de ironia, utilizava uma linguagem clara e objetiva, compreensível ao grande público”. “Lobato revelou o mundo rural, então ignorado pelos escritores de gabinete que ele tanto criticava”. “A nossa literatura é fabricada nas cidades”, dizia, “por sujeitos que não penetram nos campos de medo dos carrapatos”.
O nosso grande Mestre Jesus, reconhecendo a infância da humanidade, transformava seus ensinamentos profundos, em parábolas e histórias de fácil compreensão para suas “crianças espirituais”, que ainda somos todos nós. Figuras como: “John Dewey e Kilpatrick”, Lev Semenovich, pensador russo, Piaget, Pestalozzi, Froebel entre outros, jamais devem ser esquecidas por sua dedicação a pedagogia do ensino destinado ao público infantil e adulto. Será mesmo que o povo brasileiro não gosta de ler? Ou o que se gasta com a aprendizagem mais refinada não está à disposição dos assalariados brasileiros. Eis a questão!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES/MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE