QUE MANCADA! (Você e os acidentes espirituais)
Dúvidas ou aconselhamento: pastorelcio2007@yahoo.com.br
Um acidente é algo de tudo indesejável, queremos estar longe dele, e, via de regra, não carece de um “culpado”, uma vez que, se é acidente não foi planejado, mas simplesmente aconteceu. Por isso se afirma: “acidentes acontecem”.
Tais eventos não passam, contudo, desapercebidos, e os que, de alguma forma, contribuíram com ele, podem ser apenados com pagamento de danos, com a perda de sua função de responsabilidade ou mesmo com o enquadramento na condição de responsável de um crime culposo (crime sem intenção direta).
Isso acontece porque os acidentes, não sendo programados, têm como razão, ou fundamento, a presença de um, ou mesmo de vários, elementos falhos, mal elaborados, trocados, ausentes ou dimensionados fora das condições usuais de seu uso.
Embora esses acidentes ocorram no lar, no trabalho, em uma escola ou mesmo no ar (acidente aéreo da Gol, por exemplo), os mais freqüentes e notórios são os que ocorrem nas ruas e estradas, envolvendo veículos rodoviários, carros, caminhões, ônibus, motos.
Seus efeitos podem ser leves, graves, ou mesmo fatais, e decorrem de desrespeito da sinalização, das normas de trânsito, do mau estado do veículo, do excesso de velocidade, das condições da pista ou do despreparo e falta de atenção do motorista.
A pergunta que nos surge é: será que existem acidentes no campo das coisas espirituais? Em caso positivo, o que os provoca e quais as providências para evitá-los?
Dependendo do enfoque que se dê aos eventos que envolvem a humanidade e a forma na qual se entende “acidente”, diria que o grande manual que é a Bíblia, que efetivamente nos ilustra grandemente esse aspecto da vida terrena em relação à eterna.
É certo que alguns analistas da Palavra poderiam considerar que a idéia de acidente não se aplica aos fatos narrados ao longo dos séculos, mas da minha parte defenderia essa qualificação pelas seguintes razões:
1. Os atos falhos do homem, em relação a Deus, cabem na condição de “acidentes” por possuírem a condição de poder ser evitados (Deus fala com Caim: Gn 4: 1-7).
2. Deus não induz ninguém à tentação (Tg 1:23), não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33:11) e deseja que todos venham a adquirir a salvação (I Tm 2:4).
3. O homem deseja ser salvo e entrar no reino de Deus, mas não se dedica a isto como devia e é envolvido, por não vigiar, em erros. Sobre isso Paulo, um exemplar servo de Deus, nos fala (Rm 7:19).
4. As falhas do homem são tal qual “um acidente de percurso”, uma vez que em nada alteram o Plano eterno de Deus (Ml 3:6;Jó 42:2).
Muitas vezes encaramos os erros dos outros como falhas deliberadas e não como “acidentes”, pois pensamos que: “no lugar dele não faria o mesmo”, ou seja, sou ótimo motorista por isso não sofro acidentes, os outros batem por “incompetência”, mas a Bíblia adverte que “aquele que está em pé que se cuide para não cair” (I Cor 10:12).
Aceita a premissa de que as ocorrências que cercam a história do homem possam ser entendidas como “acidentes”, ou incidentes, poderíamos, inicialmente registrar os dois maiores do universo:
1 – O grande erro de Adão.
A. 1. O homem vivia no jardim do Éden, cercado de toda a proteção sem inimigos ou riscos de morte, e, mais que tudo, em contato diário com Deus, e isso lhe era bom (Gn 2:15-25).
B. Dando ouvidos à serpente, que nada mais era do que o diabo, deixou-se levar por uma mentira, saber tanto quanto Deus, que representou um “acidente” em sua vida plácida e abençoada (Gn 3:1-6).
C. O resultado desse “acidente” foi um dano colossal, quase irreparável, que atingiu não somente Adão e Eva, mas todos os homens (Gn 3: 22-24; Rom 5:12).
2 – O maior erro do homem nas dispensação da graça: recusar a Cristo como filho de Deus e salvador.
A . Deus deseja que todos os homens creiam e sejam salvos (I Tm 2:4).
B. O homem, instintivamente, deseja atingir o reino de Deus e ser salvo, não somente das coisas que o atingem nessa vida, mas também daquelas que imagina existam depois da morte (O príncipe procura por Jesus: Mt 10:17).
C. Por comodismo, imprudência e interesse em ter, ao mesmo tempo, todas as benesses terrenas e eternas, o homem escolhe caminhos errados e imagina, equivocadamente, que basta dizer “Senhor!! Senhor!!”, como alguém que aperta a buzina e pisa o acelerador e pensa que a árvore vai sair da frente para chegar à salvação (Mt 25:31-46).
D. Alguns até mesmo escolhem o caminho correto, mas, com o passar do tempo, pela monotonia da viagem, vão perdendo a atenção e se descuidam, o que leva a “acidentes” graves, como nos mostram exemplos da Palavra:
-O que lança mão ao arado não pode desviar a atenção (Lc 9:62).
-O semeador lançou muitas sementes, mas a maioria não chegou a dar frutos, prejudicadas pelo ambiente (Mc 4:1-20).
-Das dez virgens, somente cinco tiveram o cuidado de se preparar adequadamente para a vinda do noivo (Mt 25:1-13).
-Das sete igrejas do Apocalipse, uma se tornou morna e outra perdeu o primeiro amor, questão de descuidos, e o “perder” nada mais é do que um “acidente” (Ap 2:1-7; e 14-22).
Não restam dúvidas, porém que o erro do homem não se limita e esses elementos vitais relacionados com a salvação da alma e o gozo da vida eterna. Na verdade, eles se apresentam a cada momento de nossa vida e, por isso, devem ser objeto de especial atenção.
Naturalmente, para uma avaliação que possa exemplificar essas situações de risco, nada melhor do que realizar mais uma de nossas incursões pelos domínios da Palavra e observar como se comportaram famosos personagens.
ACIDENTES: SUAS CAUSAS ESPIRITUAIS E CONSEQÜÊNCIAS
1. Construir uma torre para chegar aos céus, por desobediência à ordem de Deus, leva derrota, confusão e perda do esforço realizado: Gen 11:1-9.
2. Olhar para trás na hora errada, contrariando as instruções do Senhor, levou a mulher de Ló a virar uma estátua: Gen 19:17-26.
3. Trocar algo de imenso valor por um suprimento passageiro, ignorando a importância da primogenitura que envolvia uma benção eterna, levou Esaú a um arrependimento inútil no futuro: Gn 25:29-34;Hb 12:16.
4. Tomar posse de valores proibidos, tentando ser mais esperto que seus compatriotas, e quebrando uma ordem divina, levou Acã à morte: Js 7:1-26.
5. Guardar um alimento perecível, com medo do amanhã, embora Deus houvesse garantido suprimento contínuo, levou os israelitas à vergonha: Ex 16: 19-28.
6. Acreditar mais no que podia ser visto do que na promessa de Deus levou o povo de Israel, que saíra do Egito, a não entrar na terra prometida, com exceção de Josué e Calebe: Nm 13:1-33 e 14:1-35.
7. Descuidar-se da orientação de Deus e se deixar levar por uma farsa montada prejudicou Israel, que teve que conviver com os gibeonitas em sua terra: Js 9:1-25.
8. Dormir no regaço do inimigo leva ao desvendar dos pactos secretos com Deus e destrói o poderoso Sansão: Jz 16:1-31.
9. Tirar o “volante” das mãos de Deus e o entregar a homens leva Israel a muitos problemas: I Sm 8:1-22.
10. Tentar correr à frente de Deus, fazendo ultrapassagens perigosas, leva Saul ao desastre total: I Sm 13: 8-14..
11. Deixar a sua missão e objetivo para ficar “descansando em casa” induzem Davi ao pecado e o levam a uma série imensa de problemas: II Sm 11:1-12.
12. Sair à luta confiado em suas próprias forças leva Acabe à morte: I Rs 22:1-40.
13. Fugir de Deus para um destino pessoal levou Jonas para o ventre do grande peixe: Jon 1 e2.
14. Se deixar envolver pelo mundo, por meio de suas muitas mulheres, levou Salomão, que amava a Deus, a se afastar dos caminhos de seu pai Davi: IRs 11: 1-43.
Ao avaliarmos esses exemplos, considerando-os como “acidentes” no âmbito das coisas espirituais, teremos que levar em conta o conjunto de elementos que os levaram a acontecer, ou seja, os desejos humanos, as ações adotadas e os resultados.
Uma conclusão emerge, contudo, como parte comum à maioria dos “acidentes” provocados pela ação dos personagens selecionados dos textos bíblicos: a desobediência às normas divinas.
Esse grande “Código de Trânsito Eterno” talvez possa ser desrespeitado sem que tal atitude seja considerada um crime, e, se ninguém observar, o excesso de velocidade, o ultrapassar dos sinais fechados, ou os retornos na contra-mão podem ficar impunes e livres de multas, mas, em ocorrendo um acidente, as conseqüências serão reais e muito penosas.
Poderíamos dizer:
1.Não tenho nada a ver com o erro do Adão
2. Errei porque fui tentado
3. Sou frágil e não tenho forças
4. Eu não sabia
A Palavra trata tais questões da seguinte maneira:
1. Todos pecaram e estão alijados da benção (Rm 3:23).
2. A tentação é somente humana e pode ser vencida (I Cor 10:13).
3. A nossa força vem de Deus e temos que aceitá-lo (Isa 45:24).
4. Com lei ou sem lei todos serão julgados (Rm 2:12).
Jesus nos adverte sobre a responsabilidade de atos, palavras e pensamentos:
...“Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo”...(Mt 12: 33-37).
As ordens do Mestre superam aquelas da lei, pois tratam do sentir antes mesmo do agir (Mt 5:17-48)
Isso nos recomenda a adoção de medidas no sentido de que possamos evitar tais dissabores, ao máximo, e dentre elas poderíamos registrar:
I- Conheça mais e mais as regras divinas.
II- Cumpra sempre as determinações de Deus.
III- Aperfeiçoe seu equipamento.
IV- Aceite a vontade de Deus por fé, sem se importar com os por quês.
V- Espere por Deus e pelos outros.
Se voltássemos, mais uma vez, para o exemplo de um carro trafegando em uma rodovia, iríamos descobrir que o conhecimento da estrada, das normas de trânsito e até do veículo são muito importantes para a segurança. Quem se “atrapalha” com tais informações fica sujeito aos “acidentes”.
Escondi a tua palavra no meu coração (Sl 119:11)
Lâmpada para meus pés é a tua Palavra (Sl 119:105)
Conheçamos a Deus (Os 6:3;Pv 18:15;Pv 3:13;Pv 9:10).
Não basta, contudo, saber o que deve ser feito, é preciso respeitar as normas e cumpri-las.
Sede não ouvintes, mas cumpridores (Tg 1:22).
Um carro com defeito provoca uma condição de risco crescente, pois uma falha, geralmente, leva a outra, até que há a perda do controle do veículo, que bate, capota, trava, ou se desgoverna.
Um abismo chama outro abismo (Sl 42:7).
Santificar-se, como forma de purificar a vida (Ex 31:13;Lv 20:7;Jo 17:17; Nm 11:18;Lv 20:17;Jo 15:3).
Não falte o óleo sobre sua cabeça (Ec 9:8).
Culto racional (Rm 12:1).
Se alguém fosse “pensar” para dirigir, parando a cada sinal, ou questionando sua existência, ou não iria a lugar algum, ou acabaria batendo. No campo espiritual é preciso agir por fé, o volume dos carros lá na frente vai se dissipar quando você chegar, e as regras da pista são de obediência automática, como é automática a troca de marchas para alguém habilitado e treinado.
Eu sou o que sou (Ex 3:13-14).
Sem fé não se agrada a Deus (Hb 11:1 a 6; Tg 1:6).
Abraão creu e não discutiu (Gn 22: 1-13;Hb 11:17).
Correr muito, tentar ultrapassar nos lugares proibidos, pensar que está sozinho na via são ações que levam, seguramente, a acidentes.
Esperai uns pelos outros (Isa 64:4;I Cor 11:33;Isa 30:18;Dn 12;12).
Esperar em Deus (Pv 20:22;Sl 43:5;Sl 27:14;Sl 131:3;Os 12:6).
Não edificar sem a direção de Deus (Sl 127:1-3).
“Quando o exército sair contra os teus inimigos, então te guardarás de toda cousa má.”
“Quando em ti houver alguém que por algum acidente de noite não estiver limpo, sairá fora do exército; não entrará no meio do exército”.
“Porém será que, declinando a tarde, se lavará em água; e, em se pondo o sol, entrará no meio do arraial.” (Dt 23:9-11)
Dúvidas ou aconselhamento: pastorelcio2007@yahoo.com.br