Muamar Cadáver

O título acima foi copiado de uma matéria que li no site www.observatoriodaimprensa.com.br, cujo título era “DE MUAMAR KADAFI a MUAMAR CADÁVER”. Aliás, matéria desse tipo está recheada nos veículos de comunicação, dado ao episódio recente que definiu de vez a situação da Líbia diante de governo ditador que se transformou numa situação cadavérica.

A situação assemelhou-se a outro recente episódio, com a morte de Sadan Russein, quando a mídia estampou o cadáver como forma de formalizar o sumiço daquele estadista da face da terra. As imagens representavam aquele orgulho inerente aos incautos quando vencem um inimigo. Como se querendo dizer: - Não era este o homem que aterrorizou o mundo? Agora, ele está aí inerte, subjugado por um fim que ele mesmo escolheu com seu ego prepotente! Ou seja, as poderosas forças de guerra se estampam com o brilho falso da vingança, como se quisesse dizer ao mundo: - Não se meta comigo que sou poderoso!

Na minha ótica, um verdadeiro absurdo deixar um corpo ao relento, exibindo suas feridas contundentes, numa eloqüente demonstração de que o algoz não teve qualquer piedade, ao judiar e humilhar do seu inimigo ao ponto de reservar-lhe morte cruel. Seria esse o rumo que o mundo precisa ver, nas ações de gente que se diz democrática, ao utilizar as baionetas para ferir de morte? Quem almeja um novo começo, ao utilizar os mesmos métodos daquele que impunha as armas como represália aos opositores, não mostra a luz no final do túnel, mas, sim a escuridão dos seus propósitos, que, por certo, não levarão ao um governo melhor do que aquele que se foi.

Os rebeldes demonstraram, com esse gesto, que a causa que defendem é muito mais de que um Governo democrático e capaz de se tornar algo definitivo para a paz na Líbia. Foram capazes, sim, de deixar o mundo com ‘a pulga atrás da orelha’, como diz o sábio ditado popular. Não é inato e nem da atribuição do homem o assassinato, seja em nome da guerra, ou em nome de outras causas justas. Não é também do seu feitio as exibições públicas de cadáveres, como se o corpo de algum homem pudesse perpetrar-se na sua matéria, refletindo ira e desamor. Até mesmo os abutres merecem que sejam enterrados após serem mortos. Um corpo não significa nada, já que a alma daquele homem sanguinário, a partir daquele momento, já estava à mercê dos ajustes com outras forças do Universo. O de cujus ali, naquela forma de exposição, só significou para mim o escárnio e o egoísmo.

A vingança não foi e nunca será um atributo. Ao contrário, é algo inconseqüente, insano, repulsivo que não cabe no coração dos homens. Vi aquelas imagens com pena daqueles que acharam que seu feito foi heróico. Não tem nada de heróico acuar alguém indefeso e submeter toda uma família a torturas. Isso soa a época dos homens das cavernas. Parecem os trogloditas que como seres não evoluídos, usavam de pedras e de objetos pontiagudos para ferir de morte seus inimigos. Os bárbaros, em civilização mais próxima, atravessam suas espadas sobre o peito dos inimigos. Os Incas, embora fossem homens inteligentes e adiantados como civilização, usavam sua sapiência para vencer seus inimigos e para conquistar território. Até aonde vai a matança, já que estamos em pleno século XXI e ainda existem atos de mesma natureza?

O Mundo está cansado de ver discórdia e maldade. Já é hora das pessoas serem mais lenientes, mais pacíficas, mais ordeiras, mas solidárias, mais humanas, mais condescendentes...

Machadinho
Enviado por Machadinho em 27/10/2011
Código do texto: T3301505