A MORTE DE JESUS

A MORTE DE JESUS

Falei com uns teólogos luteranos. Dão imensa importância ao fato histórico da morte física de Jesus no Calvário; acham que esse evento foi o clímax de toda a história da humanidade.

Na verdade, porém, não merece essa morte corporal tamanha estupefação. O que havia de maior no Cristo era o fato de ele ter ultrapassado a necessidade compulsória de morrer e aceitar a morte com espontânea liberdade, porque sabia que há uma vida maior que a morte. “Ninguém me tira a vida – eu é que deponho a minha vida quando quero e a retomo quando quero”.

Esse triunfo da vida sobre a morte, nascido da sua experiência divina – “eu e o Pai somos um” – é fato único na história da humanidade. A existência humana de Jesus se acha tão intimamente vinculada com a essência divina do Cristo que ele pode, tranquilamente, permitir, e até provocar a morte física.

Quem vive 100% a sua imortalidade pode descer ao marco zero da sua mortalidade. Todos os seres vivos temem a morte e a evitam quanto possível, porque nenhum deles tem plena consciência da sua imortalidade. Os seres inconscientes da natureza inferior aceitam, com relativa calma, a morte do individuo, porque têm o instinto biológico da sua sobrevivência na espécie, porque neles predomina a “consciência do grupo”, e não a “consciência do individuo”, e, como o grupo ou a espécie sobrevive, pouco importa que o indivíduo morra.

O homem ego-consciente, mas ainda não cristo-consciente, tem um medo horrível da morte, porque percebe a longínqua possibilidade de uma imortalidade individual que ele ainda não realizou devidamente, e já não está satisfeito com a simples sobrevivência racial em seus filhos ou sua espécie, como as criaturas inferiores.

Jesus atingira a culminância da consciência crística, e podia bicar com a vida e a morte, como um jogador de xadrez que põe as figuras ora no quadrinho branco ora no quadrinho negro do tabuleiro.

A grandeza da sua morte está na grandeza da sua consciência de que não há morte para quem vive a cada momento da vida eterna.

“Vem o príncipe deste mundo, mas sobre mim não tem poder – porque eu venci o mundo”.

“O último inimigo a ser derrotado é a morte”.

ÍDOLOS OU IDEAL – PENSAMENTOS AVULSOS SOBRE DEUS,

O HOMEM E O UNIVERSO – HUBERTO ROHDEN

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 24/10/2011
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