Seção identificação

Quando alguém provoca aquela confusão de emoções na gente ai, ai, ai...

Quando surge o dilema sair ou ficar... Fugir ou deixar rolar... Distanciar ou prosseguir...

Quando o homem ou a mulher encara seja o que quiser, o que vier... Deixa acontecer...

Seja boa ou ruim a decisão de testar, pode ser caminho para sair do impasse. Contudo, se a dúvida continuar emitindo um apito, uma luz, um sinal de envolvimento parcial, saia logo do passional. Sexo, companhia com cumplicidade está além de vaidade e só vale a pena se ambas as partes quererem.

Às vezes ficantes se tornam namorantes, pode acontecer. Seja como for, para sempre só enquanto existir afinidades, reciprocidade, quererem bem, paixão, amor...

De verdade, ninguém consegue prever ao certo quanto tempo vai durar a curtição inicial. O depois como será? Se vai ser romance, se vai namorar, ou... Enfim, não dá pra programar. Nem quanto tempo vai durar.

E apesar dos riscos, ninguém desiste de se relacionar a dois. Todos nós queremos encontrar um amor, procuramos por ele... Todos nós gostamos de reciprocidade, de afeto, de carinho, de diálogo, de amorosidade, de laço... Mesmo que sejam invisíveis eles ligam uma pessoa à outra. Mesmo que pouco se fale a respeito, todos nós estamos no mesmo barco, é por meio da convivência que amamos uns aos outros, e a nós mesmos.

E sinceramente, a dois é bem melhor do que sozinho. Quem disser que não tá enganando a si mesmo. É demais de bom escutar o Tum, Tum, Tum... Num abraço amoroso. O vínculo feito de corações que se escutam e que se completa e se querem bem, é muito valoroso.

O bom da vida madura, principalmente, é compreender que existem formas diferentes de compartilhar sentimentos, de nos fundir ao amor, sem obrigação, sem piração... Ter consciência de que a vida a dois é uma eterna procura de si mesmo no outro.

Onde está o grande segredo de crescimento mútuo, já que ninguém se conhece plenamente sozinho. E ter alguém com quem se pode conversar sobre planos, dúvidas, compartilhar alegrias, angustias sem medo de se mostrar é muito saudável.

Acima de tudo, saber ver a relação como ela realmente é, não ficar se debatendo em armadilhas de imagens idealizadas, fantasias etc. Uma pessoa perfeita não existe. Legal é perceber o bom da relação, seja ela como for.

E se os fantasmas do medo ou da dúvida surgirem esquenta não que logo a coragem reaparece e se expande, quando dela fazemos uso. Esse é grande barato do aprendizado, quando estamos abertos a conviver. Como num ensaio musical, a gente ensaia a letra, o ritmo, a sintonia... Erra, ensaia de novo, acerta, e assim vai vivendo de amor... Esse refrão muita gente conhece.

Estabelecer uma relação de troca só é válido se os dois estiverem a fim. Conexão é fundamental. Até porque esse papo de feliz para sempre é utopia. A felicidade é efêmera, não dá pra pegar e guardar numa caixinha e quando quiser fazer uso dela, abrir a caixinha e esperar sair feito um gênio da lâmpada maravilhosa...

A felicidade - são instantes, são momentos - não existe para sempre, eternamente... Ela vem espontaneamente, e quando menos a esperamos vai embora. E depois ela volta, ela vai... Sentido de felicidade na relação a dois se transforma a cada dia. Tem a ver com movimento e com envolvimento... Da gente inclusive!

Cada casal é um acasalamento particular. Cada casal tem que descobrir o seu tempo, seu jeito de amar, de transitar na relação. Criar momentos de intimidade com liberdade, com mão dupla... Diminuir ou dar uma paradinha, esquentar o ritmo, acelerar, prosseguir... O amor só se sustenta e cresce com reciprocidade, com vontade, com quereres, com prazer, com entendimento, com experimentos partilhados...

Neste sentido segurança é a gente que desenvolve e vem de dentro, não do outro. Procurar não cultivar crenças equivocadas sobre o amor, nem sobre o outro. Até porque, ele pode ser ele quiser todo tempo e você também, e isso é um aspecto da natureza humana, mudar de vontade, de gosto, de quereres, de interesses. Afinal ninguém é dono de ninguém.

Num sentido maior - amar e ser amado - é uma experiência muito satisfatória. E quem já amou junto, ou seja, quem já amou e foi amado ao mesmo tempo juntos, sabe do que eu estou falando. Então aproveite, ame!

Escrevi este artigo em abril de 2001 – Depois de ler o Livro Encontros Desencontros & Reencontros – Na época foi editado em num portal de uma revista quem nem existe mais. Hoje mexendo nos meus arquivos o encontrei. De tão atual deu vontade de postar aqui!

Vou dedicá-lo a minha querida amiga Simone, pela nossa conversa boa a beira mar, na cidade de Santos, onde ela vive. Eu que costumo ouvir mais do que falar, falei muito, tamanha era minha vontade de conversar com quem tenho afinidade. Aspecto fundamental da amizade, identificação... E nós temos muita! Obrigada Si pela tua alegre companhia e por me ouvir... Meu beijo.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 23/10/2011
Reeditado em 24/10/2011
Código do texto: T3294290