APÓSTOLOS E AS REVERÊNCIAS.

Os apóstolos aceitavam reverências?

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

Sexta 01 Abril de 2005 às 15:04:44

Prezados participantes do Portal União

Mais uma vez, principio pedindo a vossa comiseração pela falta de uma maior competência (da minha parte) em repelir, com veemência, os muitos e infames atentados contra os sacros ensinamentos propalados pela Santa Madre Igreja.

a) A sentença que apregoa que ninguém deve ser chamado de ‘pai’ é algo absoluto?... Vi neste fórum já alguma resposta muito pertinente. Pois se o sentido da proibição fosse absoluta; então, ninguém, nem mesmo o genitor de cada um, poderia ser assim nomeado. O fato, é que, nas Escrituras muitos são chamados de pai, e não somente os pais carnais. Só para, de início, citar um exemplo, Davi chama o rei Saul dessa forma: “Ó meu pai, vê aqui na minha mão a orla do teu manto” (1 Sm 24,12).

*obs.: note-se que, antes: “Saul voltou-se e Davi se inclinou até o chão e se prostrou” (1 Sm 24,9). [E olhe que Davi fazia isso tudo, não em virtude da santidade pessoal de Saul (que, aliás, era um grande pecador), mas por este ser uma autoridade instituída por Deus.]

Alguém, aí do fórum, ainda lembrou de “Abraão, nosso pai” (Rm 4,12) na fé. Com efeito, “ele se tornou pai de todos aqueles que crêem” (Rm 4,11). Por isso, com relação aos santos do Altíssimo, como o referido patriarca, nessa mesma fé, podemos nos proclamar seus filhos. Não só de Abraão, mas de todos que deram um fiel testemunho e tenham terminado suas vidas na amizade com Deus; como ao próprio Davi, a respeito do qual declararam os apóstolos: “Tu falaste pelo Espírito Santo, pela boca de nosso pai Davi, seu servo” (At 4,25). Chamando-o de ‘pai’.

Não me dedicarei a fazer, aqui, um apanhado geral, em toda Escritura, para identificar as diversificadas maneiras em que o vocábulo “pai” é usado. Restringirei a citar mais duas

passagens neotestamentárias que me parecem muito interessantes:

- O santo diácono da Igreja de Deus, Estêvão, perante o Sinédrio, respondeu ao Sumo Sacerdote: “Irmãos e pais, ouvi.”(At 7,2). Ou seja, chamou os chefes religiosos não só de irmãos, mas igualmente de ‘pais’.

- Discursando aos judeus São Paulo diz: “Irmãos e pais, escutai a minha defesa” (At 22,1). Aqui, também, aparece um afamado cristão chamando a outros de “pais”.

b) Os apóstolos não aceitavam reverências ou coisa que lhe equivalham?... Não me parece ser muito certo tal assertiva.

Vemos que, quando o carcereiro caiu aos pés de Paulo e Silas, estes não o repreenderam (cf. At 16,29). Além do mais, está escrito ainda nos Atos dos Apóstolos: “Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos milagres... costumavam estar, todos juntos... e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, embora o povo os engrandecesse” (At 5,12-13). [E o que, afinal, significar engrandecer alguém? Não é elevar em dignidade essa pessoa, distinguindo-o do comum trato que se dá a outros? Ou estou errado?]

*obs.: o termo “engrandecesse”(At 5,13), em grego (Septuaginta) e latim (Vulgata) é seqüencialmente: ‘emegalynen’ e ‘magnificabat’. Parece adotar uma conotação realmente de grande reverência para com os apóstolos. Veja, só para acentuar certas similaridades, que quando Maria canta em agradecimento ao Altíssimo, ela diz: “Minha alma engrandece o Senhor” (Lc 1,46); cujos vocábulos em grego e latim são, respectivamente, ‘megalynei’ e ‘magnificat’. [A Versão inglesa King James: para os apóstolos é ‘magnified’ (em Atos 5) e para Deus é ‘magnify’ (em Lc 1).]

Está igualmente escrito na Bíblia: “Tenhais consideração por aqueles que se afadigam no meio de vós, e vos sãos superiores e guias no Senhor. Tende para com eles um amor especial, por causa do seu trabalho” (1 Ts 5,12-13). [Friso: aos “ superiores”, “tende para com eles um amor especial”. Por conseguinte, na religião divina não só tem aqueles que são SUPERIORES, mas também, que, por serem assim, devem ser peculiarmente amados. Não é lógico que o que é superior seja superiormente amado?]

Mais uma passagem. Nesta, o Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso, se queixa de não mais está sendo cortejado pelos gálatas como (grandemente) ele era antes: “Me recebeste como um anjo de Deus, como Cristo Jesus. Onde estão agora as felicitações? Pois eu vos testemunho que, se fosse possível, teríeis arrancado os olhos para dá-los a mim... É bom ser cortejado para o bem sempre, e não só quando estou presente entre vós” (Gl 4,14-15).

*obs.: Mas também quando estiver ausente??... Não seria porque tal é a unidade, e o amor, reinante entre todos os filhos eleitos de Deus, que, como diz o próprio São Paulo: “Embora eu esteja ausente no corpo, no espírito estou convosco” (Col 1,5)?

PS.: Tudo que escrevi neste texto (ou em qualquer outro) está, e sempre estará, sujeito à autoridade da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. A qual tem pleno poder para corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para a conservação da integridade da Sã Doutrina.

Bibliografia

- BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

- www.bibliotecacatolica.com.br

Fiquem com Deus!