UIGVAN PEREIRA DUARTE: APOSENTADORIA COM SENSAÇÃO DE DEVER CUMPRIDO

** Matéria publicada na edição de outubro de 2011 do jornal Realidade News.

No dia 30 de agosto de 2011, o promotor de Justiça Uigvan Pereira Duarte acusou seu último réu. O caso havia acontecido na Pecuária de 2009. Acusado de ter assassinado Gilberto da Costa Santos a tiros, Lucimar Augusto foi condenado a 15 anos e oito meses de cadeia. A condenação só foi possível graças à contundente acusação de Uigvan. Aquela atuação encerrou uma carreira de 38 anos de uma vida de serviço à Polícia Civil e ao Ministério Público, deixando uma lacuna insuperável para Goianésia.

Aos 59 anos de vida, com os filhos bem encaminhados (no Direito, inclusive), esse homem de hábitos simples e competência exacerbada, nascido em Varjão (GO), terá a oportunidade de gozar o merecido descanso, após 38 anos de uma carreira brilhante. Formado em 20 de dezembro de 1985, em Anápolis, Uigvan já exercia o cargo de comissário de polícia. Sua primeira atividade como profissional do Direito foi como delegado de Polícia nas cidades de Peixe (TO), Rialma e Barro Alto. Como promotor de Justiça, ele atuou em Itaguaru, Itaberaí, Caiapônia, Barro Alto e Goianésia. Como define a sua carreira? “Muito trabalho e pouco descanso”, diz o homem, grisalho, enquanto arrumava suas gavetas. Era um momento muito emblemático para ele, deixar o trabalho após tantas décadas. “Estou com o coração partido”, diz, ao lembrar a falta que sentirá dos colegas e amigos do Fórum.

Uigvan não pretende se afastar totalmente do Direito. Atendendo a um apelo do filho Uigvanzinho, advogado, ele irá trabalhar, montar escritório. “Mas sem aquele ritmo, só os casos que considerar interessantes”, afirma. Perguntado se espera encontrar no Tribunal um promotor do nível de Uigvan, ele não tem dúvida. “Sim, espero. E irei me preparar para vencê-lo”, afirma.

Não é segredo para ninguém que Uigvan Duarte sempre teve um amor pela atividade política. “Tenho o sonho de ser prefeito de Barro Alto, irei trabalhar para isso, retribuir um pouco o que aquela cidade fez por mim”, revela. Ele traça até uma data. “Se não for agora, em 2012, não será nunca mais”, sentencia. Ele já elegeu até o DEM como partido. Sendo candidato ou não a sua escolha é essa.

Pedimos para ele definir em poucas palavras alguns nomes da política de Goianésia. Conheça sua opinião sobre:

Otávio Lage: Uma das maiores personalidades que conheci.

Otavinho: O retrato do pai.

Hélio de Sousa: Amigo e confidente.

Gilberto Naves: Muita competência e zelo no trato.

Uigvan não se lembra ao certo, mas acredita ter atuado em mais de 400 júris. Acredita que tenha vencido uns 70% deles, o que é uma marca expressiva. Perguntado sobre quem foram os melhores advogados que enfrentou, ele não tem dúvidas. “Maeterlim (Anápolis), Gilberto Naves, Talles Jayme e Ricardo Naves”, relaciona.

Dentre os juízes com os quais trabalhou, Uigvan cita quatro: “Aureliano Albuquerque, Jonas Rezende, Pedro Paulo (Barro Alto) e Marcos Augusto, hoje juiz federal”, cita. Suas referências profissionais são: juiz Camilo Alves Nascimento (“meu compadre em Goiânia”), Geraldo Cândido (“meu primo, promotor em Goianésia de 1990 a 1992”) e os ex-procuradores de Justiça Amauri de Sena Ayres e Adão Bonfim Bezerra.

A palavra família foi a que mais se repetiu na entrevista concedida à nossa reportagem. O cuidado com os filhos está na prioridade número 1 do mais novo aposentado de Goianésia. “Acredito muito em Deus, e apesar de não freqüentar muito a igreja, me considero evangélico, tenho grande admiração pela Assembleia de Deus”, define sua fé.

Nas horas de folga, que a partir de agora, serão maiores, Uigvan cultiva uma grande paixão. “Futebol, sem dúvida. Sou um eterno anti-Flamengo”, diz, rindo. Completa: “Sou torcedor do Vasco da Gama, do Santos e do Goiás”. De vez em quando costuma jogar uma bolinha com os amigos.

Diante da pergunta: “Teve a sensação de ter cometido injustiça em alguma acusação?”, Uigvan é enfático. “Sensação total de dever cumprido, nenhuma sensação de injustiça da minha parte”, diz. “Tristeza apenas por ver alguns réus sendo absolvidos quando eu tinha a convicção de que eram culpados”, complementa.

Quem seria o sucessor ideal para Uigvan Pereira Duarte no Ministério Público? Diante da desconcertante pergunta, ele reflete e, com olhos de sinceridade, diz. “Meu sonho é ver meu filho Uigvanzinho ocupando aquele posto”, finaliza.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 08/10/2011
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T3265242